Título: Dois consórcios disputam Belo Monte
Autor: Marques, Gerusa
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/04/2010, Economia, p. B1

Dois consórcios disputarão o leilão para construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), marcado para a próxima terça-feira. A inscrição dos grupos foi feita ontem, depois que o governo conseguiu derrubar a liminar concedida pela Justiça Federal do Pará, que suspendia a operação.

O leilão ainda corre risco. O Ministério Público disse que irá recorrer da suspensão da liminar e a Justiça do Pará ainda analisa outra ação que visa impedir a realização do evento.

Consórcios. O primeiro consórcio inscrito terá nove integrantes. Chamado de Norte Energia, o grupo será liderado pela Chesf, subsidiária da Eletrobrás, que terá uma participação de 49,98%.

A construtora Queiroz Galvão e a Gaia Energia e Participações ficaram, cada uma, com uma fatia de 10,02% do grupo, que conta ainda com a Galvão Engenharia, Mendes Júnior, Serveng, J Malucelli Construtora, Contern Construções e Cetenco Engenharia.

Furnas. No segundo grupo, o governo incluiu outras duas subsidiárias da Eletrobrás - Furnas e Eletrosul. Juntas, as estatais terão 49% de participação. O consórcio, que será chamado de Belo Monte Energia, conta ainda com a Andrade Gutierrez, Vale, Neoenergia e Companhia Brasileira de Alumínio. A Eletronorte, outra subsidiária da Eletrobrás, entrará como sócio estratégico do consórcio que vencer o leilão.

"Competição forte". A presença de dois grupos deixou o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, confiante na possibilidade de "uma competição forte" no leilão de terça-feira.

Segundo ele, a participação de dois consórcios é uma resposta "muito satisfatória".

A formação de dois grupos contou com esforço direto do Palácio do Planalto, depois que as construtoras Camargo Corrêa e Odebrecht desistiram de participar da operação. O BNDES vai financiar até 80% da obra e o prazo para pagamento dos empréstimos foi estendido para 30 anos.

Para Hubner, um empreendimento do porte de Belo Monte nunca terá um número imenso de concorrentes. "Não é uma pequena central. É uma usina de 11 mil megawatts".

O diretor-geral da Aneel reconheceu as dificuldades para formação dos consórcios, mas ressaltou que a entrada nos grupos dos chamados autoprodutores dará uma vantagem competitiva à disputa. "Existe sempre um jogo de pressão. Mas essa foi uma boa resposta. Cada leilão deste é uma dificuldade louca", afirmou.