Título: BB se prepara para anunciar a compra do Patagônia
Autor: Rodrigues, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/04/2010, Economia, p. B4

O Banco do Brasil se prepara para anunciar nos próximos dias a compra do controle acionário do argentino Banco Patagônia. Segundo pessoas que acompanham as negociações, representantes das duas instituições acertam os últimos detalhes do texto do contrato, que será assinado provavelmente em Buenos Aires pelo presidente do BB, Aldemir Bendine, e pelos irmãos Jorge e Ricardo Stuart Milne - os maiores sócios do Patagônia.

A assinatura, inicialmente prevista para março, esbarrou em uma longa negociação que envolveu divergências em relação aos valores, aos acionistas minoritários e à diferença de cultura entre os bancos e os países.

Oficialmente, o Banco Patagônia enviou ontem comunicado à Comissão Nacional de Valores da Argentina informando que as negociações "se encontram muito avançadas e se estima que nos próximos dias pode-se chegar a um acordo que poderá incluir a aquisição pelo BB do controle do Banco Patagônia".

No Brasil, o banco federal afirmou em comunicado que "até o momento não há qualquer posição definitiva". A instituição admite, porém, que prosseguem os estudos para aquisição de "participação relevante ou o controle acionário". Pessoas próximas das negociações afirmam que a conversa entre BB e Patagônia avançou nos últimos dias.

A primeira grande investida do BB no exterior se aproxima de sua conclusão após incontáveis reuniões entre advogados e executivos das duas partes em uma negociação mais longa e desgastante do que a imaginada inicialmente pelos brasileiros.

O principal obstáculo enfrentando pelo BB estava relacionado ao valor do negócio. Em janeiro, com as conversas em andamento, os ativos do país vizinho sofreram um grande golpe causado pela briga entre a presidente Cristina Kirchner e o então presidente do Banco Central, Martín Redrado. A Casa Rosada queria usar parte das reservas internacionais para pagar a dívida externa, mas a autoridade monetária rejeitou o plano. A tensão derrubou o preço de praticamente todos os ativos daquele mercado, o que afetou as ações do próprio Banco Patagônia e os títulos da dívida argentina que a instituição tem em carteira.

Isso fez com que fosse aplicado "desconto" na proposta do BB. A mudança de valores praticamente interrompeu as negociações, porque a família Stuart Milne, que detêm 49,94% das ações, discordava das condições. As conversas só foram retomadas com a normalização dos mercados em fevereiro e março.

Mas não foi apenas o valor da aquisição que atrasou a assinatura do contrato. Para fechar a compra do controle acionário do banco, o BB terá de ter pelo 50% das ações mais uma. Por isso, não basta apenas adquirir os papéis dos irmãos Stuart Milne, que têm 49,94%. Assim, o BB teve de procurar outros sócios, como Emilio Gonzales Moreno, que detém 9,26% dos papéis, ou a italiana Intesa, que detém 9,99%.