Título: EBX negocia nova usina siderúrgica
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/04/2010, Negocios, p. B20
Enquanto assinava acordo para construção de uma siderúrgica com a chinesa Wuhan Iron Steel (Wisco), o grupo empresarial de Eike Batista anunciava o início das negociações para a instalação de uma segunda usina no Porto do Açu, no litoral norte do Estado do Rio. A nova unidade, cujo empreendedor ainda é mantido em sigilo, deverá ter capacidade para a produção de até oito milhões de toneladas por ano.
O anúncio da nova unidade foi feito nas obras do porto, localizado na cidade de São João da Barra, durante visita de delegação chinesa ao local. Um pouco mais tarde, no Rio, Batista assinou o acordo com a Wisco, que deve iniciar as obras de terraplenagem em até cinco meses. A holding EBX terá 30% de participação na usina, que terá investimentos de US$ 5 bilhões para a produção de cinco milhões de toneladas por ano.
A segunda siderúrgica foi anunciada pelo presidente da LLX, braço de logística do grupo EBX, Otávio Lazcano. Ele disse, porém, que está impedido de dar mais detalhes sobre o projeto por conta de acordo de confidencialidade assinado com o parceiro no projeto, que é estrangeiro. A ideia é que a LLX não tenha participação no segundo projeto, ao contrário do que ocorre no caso da usina da Wisco.
Segundo Lazcano, as conversas estão adiantadas e a expectativa é que, até o final do ano, os dois projetos siderúrgicos do porto estejam encaminhados. Considerando o cálculo básico de que cada mil toneladas equivalem a um investimento de US$ 1 milhão, o custo da segunda usina pode atingir US$ 8 bilhões. Não há ainda previsão para o início das operações do novo projeto.
Já a usina da Wisco deve começar a produzir em dois ou três anos, informou o secretário de desenvolvimento do Estado do Rio, Júlio Bueno, que participou da cerimônia de assinatura do acordo com a companhia chinesa, no Rio - presente ao evento, Batista saiu sem dar entrevista.
Sócia. A Wisco tem acordo para se tornar sócia da mineradora do grupo EBX, a MMX, com a compra de US$ 400 milhões em ações. Pelo acordo, a MMX se compromete a fornecer minério de ferro para a companhia chinesa, em um contrato de 20 anos, no qual a compradora tem preferência por 50% da produção das minas de Serra Azul e Bom Sucesso, em um volume que pode chegar a 16 milhões de toneladas de minério por ano.
"Esse projeto marca uma nova fase das relações entre Brasil e China. Agora, efetivamente, temos um grande investimento chinês sendo feito no País", disse Bueno. "A China vê vantagens competitivas em ampliar sua parceria estratégica com o Brasil", disse o vice-ministro do comércio chinês, Jiang Yaoping, que esteve no porto. "Há uma grande complementaridade entre os dois países e vem aumentando nos últimos anos a confiança mútua. Por isso, a China está incentivando seus empresários a buscarem oportunidades no País", completou o vice-ministro, destacando que o fluxo de comércio entre os dois países atingiu US$ 42,4 bilhões em 2009.
Além das usinas siderúrgicas, o grupo de Eike Batista negocia a atração de outras empresas para o porto, de setores como automobilístico, cimentos e petróleo e gás, entre outros.
O porto do Açu conta ainda com participação da mineradora Anglo American, que comprou da MMX e da LLX participações em um grande projeto integrado de mineração e escoamento dos minérios de Minas Gerais para o Porto do Açu por meio de um mineroduto, chamado de LLX Minas-Rio.