Título: PSDB busca palanque no DF sem Roriz
Autor: Samarco, Christiane ; Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2010, Nacional, p. A7

Tucanos pensam em lançar a ex-governadora Maria Abadia ou ter candidato ""suprapartidário"" para manter distância de ex-governador

O Estado de S.Paulo

Ao mesmo tempo que costura aliança nacional com o PSC para aumentar o tempo de propaganda eleitoral do presidenciável José Serra no rádio e na TV, setores do PSDB trabalham para construir um palanque no Distrito Federal que não abrigue o ex-governador Joaquim Roriz (PSC). Envolvido em denúncias de corrupção, Roriz terá dificuldades de voltar ao governo local pela quinta vez. Os tucanos trabalham com duas alternativas: lançar a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia na disputa ou ajudar a montar um palanque "neutro", que encampe o discurso suprapartidário de resolver a crise política instalada no DF desde novembro. Roriz chegou a ser recebido pelo ex-presidente Fernando Henrique em seu apartamento, em São Paulo. Mas, como ele descumpriu acordo de manter o encontro sob sigilo, os tucanos se alarmaram com a repercussão negativa e interromperam a conversa com Roriz para evitar desgaste. O PSDB do DF passa por uma crise de comando, desde dezembro, quando o nome do presidente local do partido, Márcio Machado, apareceu na lista de envolvidos na Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que investiga suposta distribuição de propina para aliados do então governador José Roberto Arruda, na ocasião filiado ao DEM. Por ordem da Executiva Nacional tucana, Machado deixou o posto de secretário de Obras e se licenciou do cargo de presidente da sigla. Foi ele o autor do documento que relacionava o nome das empresas "abordadas" para ajudar, de maneira ilícita, a campanha de Arruda em 2006, como noticiou o Estado. Na última quinta-feira, a crise ganhou mais um capítulo com a renúncia do vice de Machado, Gustavo Ribeiro, que estava no exercício da presidência. Com o partido acéfalo, a montagem do palanque de Serra com candidato próprio terá de esperar. Antes de resolver a crise nacional, os tucanos do DF têm de encontrar uma solução para a crise local. Embora tenha sido vice-governadora de Roriz, Maria Abadia não virou alvo das denúncias que envolveram o ex-governador. "Meu compromisso é com o Serra, de ir para as ruas com ele, pedir voto", diz a tucana, afastada da política desde a última eleição, quando foi derrotada por Arruda. A favor de Abadia pesa o fato de ter administrado Ceilândia, uma das maiores cidades do entorno. Como ela mantém ali seu reduto eleitoral, Serra terá mais facilidade para obter votos em uma das localidades onde seu nome tem pouca popularidade.