Título: Bolsa cai 4% em abril; ouro rende 1,4%
Autor: Fordelone, Yolanda
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2010, Economia, p. B6

O Estado de S.Paulo

A aversão dos investidores a riscos alterou ranking das melhores aplicações financeiras em abril. Por um lado, as preocupações com o déficit nas contas da Grécia fizeram as bolsas, inclusive a brasileira, viverem dias de volatilidade e encerrarem, em sua maioria, no terreno negativo. Por outro, aumentou a procura pelo ouro, ativo considerado de baixo risco e porto seguro em momentos de incerteza. O metal liderou o ranking, com valorização de 1,47%. Apesar da alta, nem todos os especialistas recomendam o investimento em ouro. "Não é um mercado com liquidez. Além disso, o contrato pequeno que serviria para a pessoa física [DE 25 GRAMAS]não tem mercado", diz o estrategista de renda variável da Infinity Asset Management, George Sanders. O ouro foi o único investimento a bater a inflação medida pelo Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), de 0,77% Na ponta contrária do ranking, aparece a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), com queda de 4,04% no mês. As ações mais líquidas da Bolsa - Petrobrás preferencial (-6,62%) e Vale preferencial séria A (-5,32%) - pesaram no desempenho do mercado acionário. "O aumento da preocupação faz os investidores saírem de todas as ações, o que fez a bolsa cair. No caso das "blue chips" (ações mais seguras e rentáveis), a queda foi mais acentuada por causa da grande participação de estrangeiros", afirma [DE 25 GRAMAS]Sérgio Correia[/DE 25 GRAMAS], da LLA Investimentos. No caso da mineradora Vale, as vendas foram impulsionadas por um movimento de embolsar os lucros. Os papéis já haviam se valorizado muito no ano com a expectativa de bons reajustes na negociação dos preços do minério de ferro. Petrobrás, que arrasta um desempenho negativo desde o ano passado, ainda sofre as pressões do mercado, que quer mais informações sobre o projeto de capitalização da companhia para a exploração da camada pré-sal. Estrangeiros. Pesou ainda na bolsa a expectativa de melhora de ofertas públicas no segundo semestre. "Os estrangeiros devem vender os investimentos já existentes para fazer caixa para as futuras aplicações em IPOs (oferta públicas iniciais, na sigla em inglês)", afirma Correia. "O fluxo de investimentos estrangeiros começou o mês positivo e chegou perto de US$ 1,5 bilhão, mas se inverteu ao longo de abril", completa Sanders. O euro e o dólar também tiveram forte queda, por conta da saída de recursos. Somente da Bovespa, por exemplo, os estrangeiros acumulam saldo negativo de R$ 938,361 milhões em abril, até o dia 28. O dólar fechou o mês com recuo de 2,47% e o euro, de 3,91%. Nenhuma aplicação de renda fixa alcançou 1%, tampouco bateu a inflação. O melhor investimento foi em CDBs acima de R$ 100 mil, que rendeu 0,57% contra a inflação do IGP-M de 0,77%. Na renda fixa, o pior investimento foi o CDB para pequenos investidores (até R$ 5 mil), que teve valorização de apenas 0,39%. Ainda entre os investimentos conservadores, a caderneta de poupança teve retorno de 0,50%. "Vale a pena para investidores que não têm acesso a fundos DI e de renda fixa com taxa de administração inferior a 1,5% ou 2% ao ano", estima o administrador de carteiras Fábio Colombo, considerando a menor alíquota de Imposto de Renda, de 15%. Se o período de investimento for menor (menos de seis meses) e, assim, a taxa de IR for de 22,5%, o fundo deve ter tarifa de administração ainda mais barata, entre 1% e 1,5% ao ano.