Título: Boato de ajuda da UE à Espanha é loucura, diz primeiro-ministro
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/05/2010, Economia, p. B4

Zapatero reage a rumores de que o país poderia necessitar de até 280 bilhões de socorro financeiro

BRUXELAS O primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, qualificou ontem de "loucura absoluta" e "despropósito descomunal" as especulações de que a Espanha possa precisar da ajuda da União Europeia em um futuro próximo e exigiu que se preste atenção aos dados e aos fatos.

Em entrevista coletiva em Bruxelas, onde se reuniu com os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, Zapatero denunciou os rumores de que a Espanha poderia necessitar de até 280 bilhões. Os boatos provocaram ontem a queda da bolsa espanhola e contaminaram outras bolsas europeias.

O chefe do Executivo espanhol estendeu a Portugal a confiança que tem na Espanha e insistiu que "qualquer outra especulação sobre a zona do euro é absolutamente infundada e irresponsável".

Após se comprometer a "combater" esse tipo de especulações, ele assegurou que está tranquilo e tem confiança na "fortaleza e na solvência das contas públicas" espanholas e em sua capacidade de recuperação econômica. Zapatero reconheceu que tinham lhe falado desses rumores e sua resposta foi simples: "Não dou crédito".

"Não podemos passar o dia todo dando atenção às especulações, às previsões, às hipóteses. Temos de buscar os fatos e os dados", ressaltou. Zapatero lembrou que a dívida espanhola se mantém 20 pontos abaixo da média comunitária. Insinuou, além disso, que o primeiro trimestre pode lançar dados positivos de crescimento, que serão conhecidos nos próximos dias.

Como exemplo das especulações, o primeiro-ministro lembrou que desde o início da crise se falou do risco do setor financeiro espanhol, "um dos que mais resistiram", e denunciou as opiniões "absolutamente infundadas e desproporcionais" sobre o risco do setor imobiliário para bancos e caixas.

Grécia. Zapatero, que compareceu sozinho à grande sala de imprensa do Conselho Europeu, ratificou o respaldo da UE à Grécia, que, segundo ele, "tem o que precisa para que aqueles que tenham compromissos com ela possam estar tranquilos".

Nesse contexto, avaliou o sacrifício que os cidadãos gregos terão de fazer e elogiou a responsabilidade e a "coragem" do governo de Giorgos Papandreou ao iniciar um plano de redução do déficit, consolidação fiscal e reformas estruturais.

Quando os chefes de Estado e de governo euro dos 16 países da zona do euro se reunirem na próxima sexta-feira em Bruxelas, acrescentou, demonstrarão que os países europeus "remam na mesma direção". "A direção da confiança, da redução dos déficits públicos, do crescimento econômico, do lucro, da competitividade e da responsabilidade compartilhada", acrescentou Zapatero. / EFE