Título: ArcelorMittal pode ser parceira da Vale no ES
Autor: Thomé, Débora
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2010, Negocios, p. B16

Presidente do grupo, Lakshmi Mittal, anunciou em Londres intenção de investir em nova siderúrgica no País

Lakshmi Mittal, controlador e presidente mundial da ArcelorMittal, maior grupo siderúrgico do mundo, confirmou seu interesse em participar de um novo projeto siderúrgico no Brasil, segundo o presidente da Vale, Roger Agnelli. "O Espírito Santo pode abrigar este projeto, mas ainda não há nada fechado", disse Agnelli.

A usina, em Ubu, na cidade de Anchieta, seria a mesma que chegou a ter parceria negociada com a chinesa Baosteel. A Baosteel desistiu do projeto em janeiro, no período mais agudo da queda de demanda por aço, provocada pela crise global.

O projeto com a Baosteel estava orçado em US$ 5,5 bilhões, para produção de 5 milhões de toneladas de placas para exportação. Incluía ainda ferrovia, porto e uma termelétrica. A Vale seria minoritária no investimento, modelo que pretende manter numa eventual parceria com a Arcelor Mittal.

Em setembro, a Vale entrou com um novo pedido de licença ambiental para o projeto. Fez algumas modificações - entre elas, a utilização de água do mar - e diminuiu a capacidade de produção para, no máximo, 5 milhões de toneladas. Segundo o vice-governador do Espírito Santo Ricardo Ferraço, o governador está dando "absoluta prioridade" a esse licenciamento. Além disso, o governo teria gostado da possibilidade de receber mais investimentos do Grupo ArcelorMittal, já dono da CST. Contudo, por enquanto, eles não receberam nenhuma informação sobre esses novos projetos, informou.

Até o fim do ano passado, a ArcelorMittal, estava com uma dívida de mais de US$ 32 bilhões, concentrada no curto prazo. Desde então, conseguiu fazer uma reestruturação de US$ 10 bilhões, alongando também o perfil da dívida. Com isso, teria mais facilidade para voltar a investir em projetos no Brasil. Um dos caminhos seria fazer o investimento não através do grupo mundial, mas pela ArcelorMittal Brasil, que está com as contas mais saneadas.

"O setor siderúrgico vem se recuperando gradualmente; os preços ainda não voltaram ao patamar de 2008, nem devem voltar no ano que vem ainda, mas o setor vai bem aqui", comenta Edmo Chagas, do BTG Pactual. Por causa da vantagem competitiva de se produzir no País, que tem disponível minério de ferro de boa qualidade, o analista Pedro Galdi, da SLW, acredita que a Mittal poderia até vender algum ativo menos interessante, se necessário for, para garantir o investimento no Brasil.

"De qualquer forma, esse é um projeto que não se finaliza em tempo curto, leva de 4 a 5 anos. Até lá, o mundo já será outro", diz Galdi. Como a demanda interna não deve aumentar tão cedo, a siderúrgica de Ubu será voltada para o mercado externo.