Título: Pacote português corta salários em 5%
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Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2010, Economia, p. B6

Medidas, que incluem aumento de imposto, são vitais para defender a economia do país e reforçar a credibilidade, diz primeiro-ministro

O governo português anunciou ontem uma série de medidas, incluindo aumento de impostos e corte de salários de servidores, e até de políticos, com a intenção de acelerar o processo de redução do déficit orçamentário do país. "Estas medidas adicionais são fundamentais para defender Portugal e nossa economia e para reforçar nossa credibilidade nos mercados internacionais", disse o primeiro-ministro José Sócrates.

Portugal teve déficit orçamentário equivalente a 9,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 e, em abril, o governo havia aprovado um plano para reduzi-lo a 2,8% do PIB em 2013. Sócrates disse que o governo acelerou o corte do déficit para 7,3% do PIB este ano e para 4,6% do PIB no ano que vem. Antes, as estimativas de corte eram de 8,3% este ano e de 6,6% em 2011.

Assim como na Espanha, que anunciou novas medidas de austeridade na quarta-feira, os salários dos servidores públicos serão cortados em 5% a partir deste ano. Segundo Sócrates, nesse corte estão incluídos os salários dos ministros e de todos os funcionários do primeiro escalão do governo.

Os trabalhadores que recebem até 2.375,00 por mês pagarão um imposto especial de 1% sobre seus salários e os trabalhadores recebendo salários acima disso pagarão um imposto especial de 1,5%. As grandes companhias pagarão um imposto extra de 2,5% sobre seus lucros.

O governo de Portugal, de minoria socialista, e o principal partido de oposição concordaram com o pacote. O primeiro-ministro José Sócrates e o líder do Partido Social Democrata, Pedro Passos Coelho, se reuniram para discutir o programa.

Portugal segue a Espanha nos cortes. Anteontem, o primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodriguez Zapatero, anunciou planos de corte de 5% dos salários do setor público e congelamento durante o próximo ano.

Também no ano que vem, os benefícios previdenciários serão congelados e o benefício "cheque bebê", de 2.500, concedido para as famílias a cada nova criança, será eliminado. Os investimentos públicos serão cortados em 6 bilhões.

Problemas. Os dois países vêm ocupando as atenções dos investidores e apostas de que poderiam enfrentar os mesmos problemas da Grécia para lidar com elevado endividamento provocaram pesadas perdas nos mercados europeus, além de projetarem o custo para tomada de empréstimos dos dois países em forte alta.

Os temores de que, além de Portugal e Espanha, outros países endividados como Irlanda, Itália e Reino Unido viessem a enfrentar uma crise de confiança, capaz de fechar o acesso à liquidez do mercado de crédito, fizeram a União Europeia UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) a criar um colchão de liquidez de 750 bilhões no último fim de semana.

Pacote britânico. No Reino Unido, o governo de coalizão confirmou corte dos gastos de 6 bilhões de libras esterlinas este ano. Os impostos também serão elevados para os trabalhadores, assim como haverá alterações nas aposentadorias.