Título: Miliband tenta obter liderança trabalhista
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2010, Internacional, p. A15

Ex-chanceler de Brown anuncia candidatura ao cargo máximo do partido e obtém apoio de [br]nomes importantes

David Miliband, ex-secretário de Relações Exteriores do governo de Gordon Brown, anunciou ontem que é candidato à liderança do Partido Trabalhista após a renúncia do premiê. Em seu primeiro discurso de campanha, o ex-chanceler defendeu a ideia de "reconstrução" da legenda e também prestou tributo ao papel de Brown à frente do partido.

Pela manhã, o ex-secretário do Interior de Brown, Alan Johnson, um dos nomes mais cotados para o cargo, anunciou sua intenção de apoiar Miliband. Ed Balls, ex-secretário de Educação, John Cruddas, deputado trabalhista, e Ed Miliband, irmão de David e ex-secretário de Energia e Mudanças Climáticas, também são cotados, mas ainda não se pronunciaram sobre a questão.

Em agosto de 2008 e em dezembro de 2009, Miliband viveu a expectativa de um possível golpe contra Brown para assumir o comando do Partido Trabalhista, chegando a convidar seus correligionários para uma reflexão sobre um "programa de mudanças", que compreenderia novas reformas no Estado e no sistema financeiro. Ao fracassar, Miliband conseguiu apenas acumular adversários, o que pode dificultar seu percurso agora.

Eleições. O objetivo do partido, pela primeira vez na oposição depois de 13 anos no governo, é reorganizar-se e aguardar o desgaste da coligação entre conservadores e liberais para antecipar a realização de novas eleições na Grã-Bretanha - cujo prazo máximo é de cinco anos.

Ontem, ainda repercutiam entre trabalhistas as razões pelas quais Nick Clegg, líder do Partido Liberal, havia preferido chegar a um acordo com David Cameron, e não com os trabalhistas - com os quais, historicamente, tiveram maior proximidade ideológica. Para Peter Mandelson, ex-secretário de Negócios de Brown, Clegg jamais quis uma aliança entre trabalhistas e liberais, e sim levar o premiê à demissão e instrumentalizar o partido para barganhar mais avanços nas negociações com os conservadores. / A.N.