Título: Situação do País e da América Latina conta com a sorte, diz FT
Autor: Otta, Lu Aiko
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2010, Economia, p. B5

Jornal britânico alerta para a "fanfarronice" e diz que as piores quedas ocorrem quando se[br]está mais pomposo

CORRESPONDENTE / LONDRES - O Estado de S.Paulo

Editorial do jornal Financial Times de ontem chama de "fanfarronice" a situação vivida atualmente pela América Latina, principalmente no caso do Brasil. Segundo o jornal britânico, a "complacência" é o maior perigo da região. "As piores quedas geralmente acontecem quando você está mais pomposo", adverte.

O Financial Times lembra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi escolhido, na semana passada, o líder mais influente do mundo pela revista Time, à frente do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que ficou em quarto lugar.

Para o jornal britânico, a América Latina está experimentando recuperação positiva, com exceção da Venezuela. No entanto, o desempenho não vem apenas de méritos próprios. "A sorte tem um grande papel no sucesso recente da região."

A publicação diz que os bancos, assustados pelas crises anteriores, se voltaram para dentro, em vez de se aventurarem no exterior. Além disso, evitaram os investimentos em subprime que prejudicaram as instituições financeiras nos países desenvolvidos.

Mercado asiático. O boom nas commodities, puxado pela Ásia, também ajudou os países da América Latina a atravessarem a crise econômica global. E os juros perto de zero nos Estados Unidos inundam o continente com dinheiro barato. Qualquer um desses dois últimos fatores seria suficiente para sustentar esse avanço, mas a América Latina está experimentando ambos ao mesmo tempo, diz o Financial Times.

Permitir a valorização das moedas, como o Brasil e a Colômbia estão fazendo, pode frear a entrada de recursos, apesar de o câmbio valorizado também trazer problemas, avalia o jornal. Para o Financial Times, os países precisam ainda de investimentos de longo prazo em infraestrutura.

"Ainda assim pode haver excesso de capital", afirma a publicação, mencionando que o crédito no Brasil está crescendo a uma taxa de 47% e os preços dos imóveis no Rio de Janeiro estão subindo cerca de 50% ao ano. "Apenas dois alertas de uma dor de cabeça pós-boom que ainda está por vir."