Título: ONS prepara plano contra apagões
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2010, Economia, p. B9
Reeleito presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Hermes[br]Chipp diz que vai propor ao governo programa para reduzir os blecautes
Resolvidos os problemas emergenciais que contribuíram para o grande blecaute de novembro de 2009, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) vai propor ao governo um programa de reforço de pontos estratégicos do Sistema Interligado Nacional (SIN). Batizado de Plano Estratégico de Transmissão, a proposta será uma das prioridades do segundo mandato do presidente da entidade, Hermes Chipp, reconduzido ao cargo neste mês.
"Uma das metas desse novo período é por "não blecaute". Não significa que não vai ter blecaute, isso é impossível, mas vamos fazer um trabalho para reduzir ao máximo os impactos de ocorrências na rede", afirma o executivo. O plano, em análise pela área técnica do ONS, foi pensado depois que a queda do sistema de transmissão de Itaipu provocou cortes de energia em 16 Estados brasileiros, na noite do dia 10 de novembro de 2009.
Desde então, o sistema vinha operando com medidas emergenciais para reduzir a dependência de Itaipu. A maior usina brasileira vinha operando em menor intensidade, substituída por térmicas, para que o sistema suportasse a queda das três linhas que trazem a energia para o Sudeste. A operação térmica no período vai custar ao consumidor brasileiro R$ 160 milhões, segundo cálculos do ONS.
Chipp informou que Furnas já instalou os equipamentos necessários para proteger a linha e o sistema voltou a operar normalmente - suportando a queda de até duas linhas de transmissão. A única diferença com relação ao período anterior ao blecaute está nos cuidados adicionais em dias de chuvas intensas e raios, quando a carga de Itaipu é reduzida e as térmicas, religadas.
"Não queremos que as medidas operativas sejam a única alternativa para evitar blecaute. O que quero propor é a identificação de pontos em que um blecaute provocaria grandes transtornos para alterarmos os critérios de operação", diz o presidente do ONS. Uma das propostas é definir sistemas de transmissão que operarem suportando contingências triplas, ou seja, queda de três linhas ao mesmo tempo.
O trabalho ainda não foi concluído, mas Chipp adianta que, além do sistema de transmissão de Itaipu, considera estratégicos os linhões que fazem a interligação Norte-Sul e Sul-Sudeste, importantes para o intercâmbio de energia entre as regiões brasileiras. Ele propõe ainda um estudo sobre o suprimento de energia às principais regiões metropolitanas do País, a fim de identificar situações de vulnerabilidade.
Para Itaipu, uma primeira medida já foi proposta: a construção de uma nova linha de 500 kilovolts (kV) para aliviar o grande sistema de 750 kV cuja queda provocou o blecaute. A proposta foi feita ao governo, que avalia a possibilidade de leiloar a linha. Já existe uma linha de 500kV em construção nesse sistema, interligando os municípios de Foz do Iguaçu e Cascavel.
As novas linhas foram propostas antes mesmo do blecaute de novembro, diante das sucessivas quedas de torres de transmissão provocadas pelos fortes ventos da região. O investimento na segunda linha, porém, ganhou importância após a ocorrência do final do ano passado. O trajeto pode ser paralelo à linha Foz do Iguaçu-Cascavel ou interligar a usina a uma outra cidade da região Sudeste.
Assim que ficar pronto, o Plano Estratégico de Transmissão será levado ao governo, para debate com a sociedade, diz Chipp, que deve decidir se quer pagar mais para evitar grandes blecautes. O estudo avaliará ainda a entrada em operação de grandes blocos de energia no Rio Madeira e em Belo Monte. "É claro que essas providências vão custar mais, não será o custo de suportar contingências simples no sistema", diz o executivo.
Plano blecaute zero HERMES CHIPP PRESIDENTE DO ONS
"Não queremos que as medidas operativas sejam a única alternativa para evitar blecaute. O que quero propor é a identificação de pontos em que um blecaute provocaria grandes transtornos para alterarmos os critérios de operação"
"Uma das metas desse novo período (novo mandato) é por "não blecaute""