Título: Em jogo, o futuro de uma União Europeia em crise
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2010, Internacional, p. A16

A Grã-Bretanha elege hoje 650 deputados e seu futuro primeiro-ministro. Ele será o atual premiê, o trabalhista Gordon Brown, ou o líder do Partido Conservador, David Cameron, ou, ainda, um "outsider", o liberal Nick Clegg, jovem desconhecido repentinamente convertido em grande estrela. Mas essas eleições levam a uma pergunta mais global: que efeitos a mudança do primeiro-ministro terá sobre as relações entre Grã-Bretanha e Europa? A questão é ainda mais premente porque a União Europeia (UE) enfrenta uma tormenta, com a falência grega e a ameaça de uma explosão da zona do euro. Os três candidatos têm enfoques muito distintos a esse respeito. Brown - europeista sério, honesto, mas minucioso, desconfiado e sem entusiasmo - deve persistir na sua linha atual. Cameron é um eurocético: seu partido recentemente publicou uma lista de medidas antieuropeias a serem adotadas, incluindo a submissão de tratados europeus a referendos na Grã-Bretanha. O terceiro candidato, Clegg, é pintado como um europeista fervoroso. Ele foi funcionário da Comissão Europeia, em Bruxelas. É um homem cosmopolita - o pai é metade russo, a mãe é holandesa, a mulher é espanhola e ele fala, além do inglês, francês, alemão, espanhol e holandês. A Europa teria, então, um aliado em Clegg? Sim, mas não de maneira tão entusiástica. Há algumas semanas, seu partido exigiu "uma UE com valores liberais". Caso contrário, seria melhor ficar de fora e manter apenas "relações amigáveis com a UE". Conclusão, o bloco e o euro seguiriam no meio da tempestade. TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

É CORRESPONDENTE EM PARIS