Título: Na Santa Ifigênia, iPad chegou primeiro
Autor: Landim, Raquel; Rheder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/05/2010, Economia, p. B1

A Rua Santa Ifigênia, no centro de São Paulo, é um dos locais mais fáceis de se encontrar pirataria na cidade. Há desde CDs de jogos por R$10 até celulares e MP3 Players por cerca de R$150. Mas o mais novo fetiche dos boxes de informática da região não é um produto pirata, e sim um original: o iPad, o famoso tablet da Apple que já vendeu mais de 1 milhão de unidades nos Estados Unidos desde o lançamento oficial, há cerca de um mês.

A comercialização do iPad no Brasil, no entanto, é ilegal - faz parte do conjunto de práticas conhecido como pirataria. Como o aparelho utiliza mecanismos de radiofrequência - ele se conecta a redes Wi-Fi e 3G de internet -, é necessário a homologação do produto pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Mas isso só ocorrerá após seu lançamento no País, o que, segundo a fabricante, ainda nem tem data para ocorrer.

Enquanto o anúncio oficial não é feito, os aficionados mais impacientes têm buscado o tablet nas galerias da Santa Ifigênia. Lá, paga-se entre R$1.600 e R$ 2.900 por aparelho, dependendo da configuração - cerca de R$1.000 a mais que nos EUA.

Os preços não afastam o consumidor da tentação do tablet. As primeiras unidades chegaram há duas semanas, e a procura é tão grande que está quase impossível encontrar um iPad disponível nas lojas. "É só colocar na vitrine que no mesmo dia já acaba", conta uma vendedora.

A grande maioria dos comerciantes pede dois ou três dias para conseguir o aparelho com o fornecedor. Há até boxes com lista de espera com mais de dez nomes. Para conseguir segurar um iPad nas mãos, a reportagem teve de visitar 23 boxes e coletou oito cartões de visita de vendedores cujo estoque já havia acabado. Um esforço que muitos paulistanos não economizam, como a venda do produto leva a crer.