Título: Repressão deixa 9 mortos na Tailândia
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2010, Internacional, p. A19

Manifestantes que pedem a saída do premiê incendeiam o centro de Bangcoc para tentar[br]romper cerco do Exército

O Exército decretou ontem toque de recolher em 23 províncias da Tailândia, após debelar o maior enclave de manifestantes "camisas vermelhas" de Bangcoc, matando pelo menos 9 pessoas - segundo a polícia - e capturando os principais líderes do movimento que há meses pede a renúncia do premiê, Abhisit Vejjajiva.

Os choques entre militares e manifestantes deixaram 58 feridos e um rastro de destruição na capital. A Bolsa de Valores e o Central World - um dos maiores centros comerciais da Ásia, que abriga centenas de lojas de artigos de luxo - foram incendiados durante os protestos.

Cerca de 900 militares tiveram de escoltar os bombeiros que tentavam combater as chamas em um canal de TV, enquanto colunas de fumaça subiam de pilhas de pneus queimados e cobriam o céu da cidade.

O toque de recolher decretado ontem foi uma tentativa de evitar que o caos se espalhe para as zonas rurais do país, de onde veio a maioria dos camisas vermelhas. No norte e no nordeste da Tailândia, manifestantes chegaram a queimar edifícios do governo. Em pronunciamento transmitido pela TV, Vejjajiva pediu calma aos tailandeses e disse que fará "com que a paz reine em todo o país". No entanto, o porta-voz do governo, Panitan Wattanayagorn, discordou. "Esta noite será uma nova noite de sofrimento", disse, prevendo novos choques.

Entre os mortos de ontem está o fotógrafo italiano freelance Fabio Polenghi, baleado no peito e na barriga. Segundo a agência Ansa, Polenghi, de 45 anos, morou e trabalhou no Brasil. Um jornalista holandês e outro canadense estão entre os feridos.

Apreensão internacional. Ontem, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Gordon Duguid, condenou as ações dos manifestantes contra o governo tailandês. "Estamos profundamente preocupados ao ver que os seguidores dos camisas vermelhas iniciaram incêndios criminosos, atacando a infraestrutura elétrica, os meios de comunicação e os jornalistas."

O Canadá recomendou expressamente a seus cidadãos que não viajem à Tailândia. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, uniu-se ao coro americano e pediu ao governo tailandês e aos camisas vermelhas que "ponham fim pacífico aos distúrbios". /