Título: Premiê turco critica ação de potências nucleares
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2010, Internacional, p. A12

Enquanto o presidente brasileiro manteve o silêncio, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyp Erdogan, demonstrou irritação com os países do G5+1 - EUA, China, Rússia, França, Grã-Bretanha e Alemanha -, que tentam impor sanções ao Irã.

Ontem, durante a Cúpula América Latina e Caribe-União Europeia, em Madri, o premiê cobrou apoio internacional ao acordo obtido pelos governos turco e brasileiro e afirmou que "os que têm bomba atômica não tem credibilidade para cobrar que outros não tenham".

Erdogan louvou o acordo negociado por seu "querido amigo Lula", cujo texto classificou de "muito importante não apenas para a região, mas para o mundo". O premiê garantiu ainda que "os problemas podem ser resolvidos por meio da força diplomática".

O chefe de governo turco começou seu pronunciamento repetindo o discurso brasileiro. "Nós devemos parar de falar em sanções", argumentou. Em seguida, porém, partiu para a ofensiva. Primeiro, questionou Israel, país que detém armas de destruição em massa, embora negue.

"Quem reage a Israel?", questionou. Não satisfeito, Erdogan duvidou da moral de países que têm armas nucleares, mas controlam o acesso à tecnologia. "Este é o momento de discutir se acreditamos na supremacia da lei ou na lei dos supremos e superiores", disse. "Enquanto eles têm armas nucleares, como podem ter credibilidade para pedir a outros países que não as tenham?"

O premiê turco disse não defender que o Irã desenvolva armas nucleares. Seu apelo era para que as potências negociadoras discutam "com calma" os próximos passos para solucionar o impasse iraniano. / A.N.

RASCUNHO DAS SANÇÕES

Instituições financeiras

Proíbe a abertura de filiais e escritórios de bancos iranianos ligados ao programa nuclear

Movimentação bancária

Vigilância das transações de bancos iranianos, incluindo as do Banco Central do Irã

Inspeção de embarcações

Pede regime de inspeção de qualquer embarcação suspeita de conter carga ligada ao programa nuclear

Mineração de urânio

Proíbe investimentos ligados ao programa nuclear no exterior, como a mineração de urânio

Programa balístico

Veta o direito do Irã de realizar qualquer atividade relacionada a mísseis balísticos

Embargo de armas

Expande as restrições para a venda de tanques, veículos blindados, aviões, navios de guerra e outras armas pesadas