Título: Candidatos igualam-se em promessas à indústria
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/05/2010, Nacional, p. A7
A defesa de pontos cruciais da agenda da indústria acabou igualando os três pré-candidatos à Presidência da República na avaliação de empresários que estiveram presentes ao encontro promovido ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
"Têm muitos pontos comuns na espinha dorsal e as divergências são de procedimentos e prioridades", avaliou Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib).
Reforma tributária, redução de encargos trabalhistas, manutenção das políticas de juros, câmbio e inflação foram algumas das promessas feitas por Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) durante o evento. Em sintonia com as reivindicações da plateia, a impressão de igualdade entre os três pré-candidatos acabou imperando.
"Todos estão colocando o desenvolvimento sustentado como prioridade, a responsabilidade fiscal, a responsabilidade com o cumprimento de contratos, com o cumprimento de regras. Isso é que faz a espinha dorsal de um país que está amadurecendo", afirmou Godoy.
Nem mesmo a falta de detalhes sobre como cada um pretende conduzir temas sensíveis para a economia suscitou maiores preocupações. Horácio Lafer Piva, presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) e ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), afirmou que se os pré-candidatos deixarem de lado a "conversa fácil" sobre temas como a reforma tributária, a campanha terá mais conteúdo.
"É preciso dar um desconto porque eles não estão ainda com os programas prontos", ponderou. "Você paga um preço por fazer debate tão cedo. O preço é ainda não ter nada definitivo." Para Lafer, o discurso de Dilma foi muito centrado nos resultados obtidos pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No caso do ex-governador Serra, o perfil adotado foi mais técnico, enquanto a senadora Marina buscou o caminho emocional.
"Serra tem muita substância do ponto de vista técnico. A Dilma apresenta uma agenda que tem feito sucesso neste governo e a Marina mobiliza pelo ponto de vista ético", disse Lafer. "Dado o fato de ser o primeiro debate, os três se saíram bem."
Equilíbrio. Paulo Godoy, por sua vez, acredita que o equilíbrio de posições assegura que a transição de governo se dará sem turbulência. "Vamos passar por um processo de alternância de poder não mais com aqueles sustos", disse. "Essa transição política é uma das provas que o Brasil tem de oferecer para mostrarmos que somos um País maduro para receber investimento de longo prazo, aporte de recursos maiores ainda".
SOLUÇÕES PARA 12 PROBLEMAS, SEGUNDO A CNI Segurança Jurídica
Aprovar reforma política, restringir uso de medidas provisórias e respeitar propriedade privada
Investimentos
A elevação do ritmo de crescimento para 5,5% ao ano exigirá aumento na taxa de investimento para em torno de 22% do PIB
Tributos e gasto público
Unificar tributos sobre circulação de mercadorias e serviços, limitar os gastos públicos e aprovar reforma da previdência
Financiamento
Reduzir as taxas de juros, inclusive bancárias, facilitar o acesso ao crédito e aprovar o Cadastro Positivo
Relações do trabalho
A CNI quer regulamentar o trabalho terceirizado e reduzir as despesas de contratação na folha de pagamentos
Infraestrutura
Reformar modelo de intervenção do Estado na área de transportes e independência das agências reguladoras
Educação
Aumentar para 6 horas/dia a carga horária de aula e substituir a gratuidade da universidade pública por bolsas de estudo
Inovação
Aumentar em 50% a subvenção em pesquisa e desenvolvimento do setor privado e dar prioridade à inovação nas políticas de compra do setor público
Comercio Exterior
Tratamento tributário compatível com as práticas internacionais e acesso a crédito de exportação a custos competitivos
Meio Ambiente
Incentivar mercados de créditos de carbono e desenvolver opções de energia limpa na matriz energética
Burocracia
Aprovar o Cadastro único
Micro e Pequena Empresa
Reavaliar limites de enquadramento para corrigir distorções no momento da aprovação da legislação e melhorar o acesso ao crédito