Título: Comerc quer regras para a venda de energia no mercado livre
Autor: Farid, Jacqueline; Magnabosco, André
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2010, Economia, p. B6

BRASÍLIA

As entidades que operam no mercado de venda de energia para grandes consumidores querem que o governo promova mudanças no sistema de oferta para impedir manipulação de preços por parte de novas hidrelétricas. Segundo Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia, o modelo atual permite às usinas "sentarem em cima" da energia e vendê-la só quando quiserem. "A energia não vai livremente para o mercado", constata.

Hoje, os vencedores de leilão para construção de nova usina hidrelétrica podem reservar até 30% da energia a ser produzida para vender no mercado livre. O problema, aponta a Comerc, gestora independente que administra 12% da carga de consumidores livres do País, é a falta de parâmetro claro sobre como e quando essa energia será vendida.

Vlavianos defende que o governo inclua no edital de licitação das usinas data para leilão de venda da energia destinada para o mercado livre. "Você leiloa a usina e na outra semana faz o leilão da energia para os grandes consumidores, é simples e justo".

Segundo o executivo, as mudanças deveriam ser discutidas de imediato pois o governo pretende leiloar novas usinas ainda este ano. A alteração também traria horizonte mais seguro para o mercado livre. "Estamos entrando numa fase em que shoppings e condomínios começam a se interessar pelo mercado. É uma etapa de ingresso de um número maior de empresas com demanda de cargas menores", diz.

O governo tem lista de 13 hidrelétricas para serem leiloadas. Mas, dificilmente estas usinas vão passar pela licitação por causa dos entraves burocráticos para obtenção de licenças ambientais, sem as quais nenhum projeto hidrelétrico pode ser leiloado.