Título: Para G-20, Europa traz risco à recuperação
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2010, Economia, p. B7

Documento que será divulgado hoje deve pedir aos países europeus maior rigidez nos padrões de liquidez e de capital

BUSAN

Ministros das Finanças e representantes dos bancos centrais do G-20 reunidos em Busan, na Coreia do Sul, devem advertir sobre os riscos para a recuperação econômica global trazidos pela crise de dívida europeia e a turbulência dos mercados, segundo rascunho do comunicado que deve ser divulgado hoje.

O texto deve pedir aos países esforços em direção à consolidação fiscal. Uma autoridade da Coreia que faz parte do comitê organizador disse que não haverá discussão sobre o euro e o yuan O rascunho também sugere que o G-20 caminha em duas direções em relação à reforma financeira. O grupo quer esforços "acelerados" na reforma, incluindo maior rigidez nos padrões de liquidez e de capital. Ao mesmo tempo, expressa preocupação com o impacto de mudanças grandes e rápidas demais.

O grupo irá pedir ao Conselho de Estabilidade Financeira para considerar medidas adicionais de transparência e supervisão dos fundos de hedge, das agências de rating de crédito e mercados de balcão de derivativos.

O rascunho diz que o conselho deve chegar a um acordo até outubro sobre instrumentos de resolução relacionados aos grandes bancos, que implicam risco sistêmico. O rascunho pede ainda que o Comitê da Basileia de regulação internacional feche até novembro regras prevendo maior rigidez na qualidade do capital dos bancos para desencorajar excesso de alavancagem.

Outra questão é a proposta de aplicação de um imposto bancário defendida pelos EUA e maiores países europeus, mas criticada por Canadá, Austrália, Índia, entre outros. O texto sugere pouco progresso na obtenção de consenso. Cita apenas que o G-20 "concordou em desenvolver, com o FMI, princípios sobre como o setor financeiro pode oferecer contribuição justa e relevante" para eventuais custos resultantes de crises financeiras.

Prioridade. A maioria dos países do G20 acredita que reduzir o déficit orçamentário é prioridade, disse ontem a ministra da Economia francesa, Christine Lagarde."Há uma maioria que coloca a consolidação orçamentária como prioridade".

Lagarde disse que o Banco Central Europeu (BCE) agiu com responsabilidade durante a crise de dívida da zona do euro. Afirmou ainda que o euro é uma moeda com credibilidade.

O euro, enfraquecido por preocupações sobre a extensão da crise de dívida que rompeu quando a Grécia não pôde pagar sua dívida, caiu à mínima em quatro anos ontem.