Título: Previsões para o PIB de 2010 sobem para até 7,8%
Autor: Gonçalves, Glauber
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2010, Economia, p. B4

O forte desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre do ano provocou uma nova rodada de revisões do Produto Interno Bruto (PIB) dentro das consultorias financeiras e bancos. As previsões, que antes estavam na casa dos 6%, subiram para até 7,8%, apesar da expectativa de uma desaceleração da atividade a partir de agora.

Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou o resultado do primeiro trimestre do ano: alta de 9% em relação a igual período do ano passado e 2,7% comparado ao quarto trimestre de 2009.

"É praticamente impossível o Brasil crescer menos de 6% em 2010", destaca o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal. Opinião semelhante tem a economista do Banco Santander, Luiza Rodrigues, que revisou de 6,3% para 7,8% o PIB deste ano.

Ela explica que números de abril e maio não mostraram a desaceleração esperada pelo banco com o fim dos incentivos fiscais dados pelo governo para conter a crise mundial. Além disso, o volume de investimentos ficou acima das expectativas. "Mas esse é um dado positivo que significa aumento da capacidade instalada do País em 2011 e redução da pressão inflacionária."

O economista Antonio Madeira, sócio da MCM Consultores Associados, também vê no avanço dos investimentos o grande destaque do PIB do primeiro trimestre. "Mas a demanda também está muito forte, crescendo em ritmo chinês", afirma ele, ao explicar a revisão do PIB deste ano, de 6,3% para 7,3%.

Para os economistas, o desempenho da economia anunciado ontem corrobora a decisão do Banco Central (BC) de retomar, em abril, o ciclo de alta da taxa Selic. Mas eles alertam que o resultado da alta de juros de agora só irá refletir na economia no último trimestre do ano - um alerta para o BC não pesar no ajuste.

Na avaliação do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale (cuja projeção do PIB foi revisada de 6,6% para 7%), ainda vai levar um tempo para que haja desaceleração efetiva da economia. Enquanto isso, IPCA (índice oficial de preços) continuará na casa dos 6% ao ano. "A maior preocupação é o crescimento de 2011 e o único risco de uma parada mais brusca viria da piora na situação europeia. O que não é de se descartar no momento."