Título: Israelenses tentam vencer guerra de propaganda
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2010, Internacional, p. A10
Equipe de porta-vozes e assessores passaram o dia tentando justificar a violência, enviando vídeos e e-mails para jornalistas
Além da ofensiva contra a flotilha de ativistas, Israel lançou uma outra campanha, desta vez de relações públicas, para tentar vencer a guerra de propaganda contra o militantes pró-palestinos. A sofisticada operação envolveu porta-vozes do Exército, da chancelaria e do governo, que se esforçaram para dar sua versão dos acontecimentos.
Durante o dia, uma enxurrada de e-mails, vídeos e mensagens de texto foram disparados para as redações e estúdios de TVs de todo o mundo. Mesmo antes da chegada da flotilha, o governo israelense já tinha se engajado numa guerra de relações públicas.
Durante a semana, o governo se apressou em negar que houvesse uma crise humana em Gaza. "Não há escassez de combustível e medicamentos. Os palestinos não estão passando nenhuma necessidade em Gaza", afirmou na sexta-feira Avital Liebovitch, porta-voz do Exército.
A contraofensiva do governo incluiu a publicação de um folheto convidando os correspondentes estrangeiros a visitar um dos poucos restaurantes de luxo da Faixa de Gaza. "Recomendamos o estrogonofe e a sopa de creme de espinafre", dizia a brochura.
Após a ação, o governo tentou justificar a violência ligando os ativistas a grupo terroristas, incluindo à Al-Qaeda. Para fortalecer o argumento, divulgaram imagens de estilingues e bolinhas de gude, que seriam armas usadas pelos militantes.
As ações de relações públicas de Israel seriam uma resposta à flotilha, que é vista como um golpe publicitário. O líder do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, considerou a operação um "sucesso", o que demonstra, segundo os israelenses, que o mais importante não era a missão humanitária. / AP