Título: Em abril, investimento estrangeiro aumentou 225%
Autor: Pacheco, Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2010, Economia, p. B12

Dados do BC confirmam o interesse e a evolução constante do aporte de recursos em agricultura e pecuária

Dados do Banco Central mostram que em abril os ingressos de investimentos estrangeiros diretos em agropecuária foram de US$ 26 milhões, ante R$ 8 milhões em abril de 2009 ? alta de 225%.

João Neto, sócio da Agrinvest, consultoria de análise de propriedades agrícolas, avalia que o Brasil seja o país que mais atrai estrangeiros: "Há muita terra disponível e a produtividade é alta." Para Marcos Araújo, outro sócio da Agrinvest, os negócios com estrangeiros estão só no começo. "As terras brasileiras serão como um porto seguro."

Na última década, o País viu a chegada de argentinos, australianos e americanos. Fala-se agora dos chineses. Recentemente, o governo baiano recebeu investidores da China interessados em conhecer as oportunidades agrícolas no oeste baiano, mas há muito pouco de concreto.

Destaque. Um dos maiores produtores de grãos no País é um grupo estrangeiro, o Los Grobo, da Argentina. A empresa, presidida por Gustavo Grobocopatel, tem 50 mil hectares, principalmente no Mapito, e faturou em 2009 US$ 267 milhões.

E há mais investidores de fora. A Tiba Agro, voltada à captação de recursos de estrangeiros para aquisição de terras, é dona de 320 mil hectares no Mapito. A Radar, do Grupo Cosan, voltada à compra e venda de terras, tem 80% do seu capital nas mãos de um fundo americano.

Há produtores contrários à invasão estrangeira porque temem a concentração de terras nas mãos de poucos e o efeito da especulação no preço do ativo agrário. Mas outros não se opõem à concorrência. "O Brasil não é uma ilha. Mas não acredito que haja o que temer, porque no campo ninguém faz melhor do que nós", diz o gaúcho Otaviano Pivetta, dono da Vanguarda do Brasil, com terras em Mato Grosso e no oeste baiano.

A Calyx Agro Brasil, dona de 47 mil hectares de terra no País, tem entre seus investidores a multinacional Louis Dreyfus Commodities. Para Harald Brunckhorst, principal executivo, o ritmo de negócios pode melhorar. "Os preços ainda estão altos e o câmbio não é favorável. Por enquanto, há muita especulação. É muita espuma e pouca cerveja", avalia Brunckhorst. / P.P.