Título: Pesquisas são limitadas a centros urbanos
Autor: Costas, Ruth
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2010, Internacional, p. A14
A diferença entre os resultados das pesquisas eleitorais colombianas - empate técnico - e o que as urnas revelaram nas eleições de domingo - ampla vitória de Juan Manuel Santos - tem três explicações.
Primeiro, na Colômbia é proibido publicar pesquisas na semana que antecede a votação. "Essas eleições foram marcadas pelas bruscas mudanças de opinião dos eleitores", disse ao Estado Javier Restrepo, diretor de Estudos de Opinião do Instituto Ipsos na Colômbia.
Em três meses, o opositor Antanas Mockus saiu de um patamar de 1% das intenções de voto e chegou a ter 12 pontos de vantagem sobre Santos. "Essa última semana na qual não se publicou pesquisas foi turbulenta, com debates e ataques entre candidatos. Muitos eleitores efetivamente mudaram de ideia", afirmou Restrepo.
O segundo motivo seria o fato de as pesquisas terem sido realizadas nos grandes centros urbanos. Assim, elas podem não registrar de forma adequada os votos daqueles que vivem em áreas rurais - e tendem a simpatizar com Santos por causa da "mão firme" contra os guerrilheiros.
Terceiro, como aponta o cientista político Felipe Botero, da Universidade dos Andes, na Colômbia o voto no país é facultativo e as pesquisas podem ter subestimado a taxa de comparecimento dos jovens e daqueles que nunca tinham votado - perfil de eleitores que Mockus estava tentando conquistar.
Na pesquisa da Ipsos, por exemplo, 71% dos entrevistados disseram que pretendiam votar. No domingo, nem 50% dos eleitores compareceram às urnas - o que é considerado normal para o país.
Para a maior parte dos analistas, uma abstenção como essa já seria suficiente para causar distorções graves no resultado final de qualquer pesquisa. / R. C.