Título: Óleo ameaça recifes nas profundezas do golfo
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2010, Vida, p. A16

Colunas de petróleo parcialmente dissolvido podem sufocar importantes corais, alertam cientistas

Em setembro passado, biólogos marinhos que estudavam águas profundas no norte do Golfo do México baixaram um robô por 390 metros até o leito do oceano. Ali, no escuro e no frio, as luzes do robô revelaram corais, anêmonas, peixes, crustáceos e outras criaturas capazes de rivalizar com qualquer recife.

"Lá estava um dos maiores recifes de corais do Golfo do México", disse Erik Cordes, da Universidade Temple. Nove meses depois, o entusiasmo deu lugar ao pavor. O recife fica a 32 quilômetros a nordeste do poço da BP que explodiu. E os biólogos temem que as colunas de petróleo parcialmente dissolvido se espalhem no oceano profundo.

A última equipe a detectar essas colunas viu uma se estendendo a 35 quilômetros a nordeste do local do poço, na vizinhança de pelo menos dois importantes recifes de águas profundas.

Imagens mostram camadas da coluna tocando o leito do mar. Os cientistas ainda não sabem qual será o impacto sobre os corais, mas eles se preparam para uma catástrofe. "O pior cenário é o petróleo se depositar sobre alguns corais", disse Cordes. "Ele os sufocaria."

"Está todo o mundo batalhando", disse Steve W. Ross, da Universidade da Carolina do Norte, especialista em corais em águas profundas. Mas alguns acreditam que estudos sobre o impacto de petróleo deveriam ter sido feitos há muito tempo, por conta da proliferação das plataformas.

Voluntário. O cineasta James Cameron se reuniu ontem com cientistas e engenheiros em Washington para discutir soluções para o desastre ambiental. Há duas semanas, ele ofereceu à BP sua frota de submarinos. O diretor de Avatar desenvolveu tecnologia para filmar em águas mais profundas que as do golfo. / TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK