Título: Ex-guerrilheiros auxiliam na luta contra as Farc
Autor: Costas, Ruth
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2010, Internacional, p. A15

Governo oferece bonificações, indulto e até subsídio mensal para desertores colaborarem com informações que levem à prisão de insurgentes

Aqueles que decidem deixar a guerrilha, tornam-se uma importante fonte de informação para o combate aos que continuam na selva. Desde 2001, 21.629 integrantes de grupos armados colombianos decidiram abandonar as armas e foram atendidos pelo Programa de Atenção Humanitária ao Desmobilizado (PAHD). Destes, 66% pertencem às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Logo após se desmobilizar, entregando-se para uma autoridade militar ou civil, os membros das Farc passam - em geral durante três meses - por um processo no qual são checados seus antecedentes criminais. Confirmada a condição de guerrilheiro, todos têm a chance de colocar seus documentos em dia. Nesse período, ficam sob proteção das forças oficiais, recebem moradia, refeições e outros subsídios modestos.

Aqueles que cometeram crimes de lesa-humanidade - como sequestro, terrorismo e homicídio agravado - têm de enfrentar a Justiça e podem ir para a prisão. No entanto, uma lei de 2005, a de Reconciliação Nacional, limitou a um máximo de oito anos de reclusão a pena daqueles que colaboram. Os que cometeram crimes políticos ou considerados menos graves são indultados.

Os ex-guerrilheiros que ajudam as forças de segurança oficiais e a inteligência colombiana também podem obter bonificações em dinheiro. Quem entrega um fuzil ao se desmobilizar, por exemplo, recebe algo em torno de US$ 500. Uma metralhadora vale US$ 1.500. Quem denunciar um guerrilheiro raso leva US$ 250. Se o denunciado for um líder da guerrilha, a bonificação é de US$ 2.500.

"O que vale mais é o resgate de soldados sequestrados", disse ao Estado Alba Luz, assessora jurídica do PAHD, que diz que o preço é de US$ 35 mil.

O Exército, de vez em quando, também oferece recompensas maiores.

Quando era ministro da Defesa, por exemplo, o agora candidato presidencial Juan Manuel Santos ordenou que se pagasse US$ 2,6 milhões ao guerrilheiro conhecido como Rojas, que ao desertar matou seu chefe, Ivan Ríos, integrante do secretariado das Farc. Rojas entregou a mão do antigo chefe para autoridades militares colombianas para comprovar o assassinato.

Reinserção. Depois de passar por essa primeira fase de regularização, os guerrilheiros podem escolher onde querem viver e recebem um subsídio de cerca de US$ 250 mensais, se frequentarem aulas e palestras nos centros para desmobilizados organizados país afora. Um ou outro volta a delinquir e perde o benefício, mas uma parte considerável consegue retomar a vida longe da guerrilha.

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