Título: Reunião define hoje as sócias da hidrelétrica
Autor: Pereira, Renée; Friedlander, David
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/06/2010, Economia, p. B3

Sinobrás, Gerdau, Braskem e CSN, além da Gaia Energia, estão próximas de um acordo

Uma reunião marcada para hoje às 14h30 em Brasília pode definir os principais autoprodutores da empresa que terá a concessão da Hidrelétrica de Belo Monte pelos próximos 35 anos. Autoprodutores são grandes consumidores de energia elétrica que, pelas regras da concessão, ficarão com 10% da usina.

Até agora, a única empresa confirmada nessa categoria é a Gaia Energia, empresa do grupo Bertin, que já é sócio de Belo Monte. Segundo fontes que participam do processo, as empresas mais perto de um acordo para integrar o grupo são a Sinobras - Siderúrgica Norte Brasil, do Pará, Gerdau, Braskem e CSN.

Outras empresas, como Arcelor Mittal, também teriam manifestado interesse em ser sócias da hidrelétrica. O objetivo é ficar com uma parte da energia gerada pela usina a preços abaixo do mercado. A fatia disponível para os autoprodutores é de cerca de 400 megawatts (MW) médios.

Ao Estado, autoprodutores interessados em participar do projeto reclamaram da falta de informação do governo necessárias para decidir se vale a pena ou não entrar no negócio.

"Nós não sabemos quem serão nossos sócios, quem vai construir a usina nem qual será o custo do empreendimento. Assim fica difícil decidir", afirmou o executivo de uma empresa interessada.

Fundos. Além dos autoprodutores, os fundos de pensão já teriam acertado seu ingresso na empresa que vai explorar Belo Monte. Pelo último esboço, a Petros (dos funcionários da Petrobrás) terá participação de 10% e a Funcef (Caixa), de 5% a 7,5%.

A Previ (Banco do Brasil) também terá uma participação - ainda não definida - por meio do fundo 521 Participações, hoje sócio da CPFL e Neoenergia. O fundo de investimento FI-FGTS terá outros 5%. Juntos, os fundos ligados ao governo terão 30% de Belo Monte.

Mudanças. Ao mesmo tempo em que define os sócios e fabricantes de equipamentos, o governo está refazendo os projeto de construção da usina. Até o momento, três grandes mudanças estão praticamente aprovadas.

Uma delas envolve a principal obra do projeto, que é a escavação dos canais de desvio de água. Em vez de construir dois canais como previa o projeto original, agora deverá ser feito apenas um. O número de turbinas deverá ser reduzido de 20 para 18 unidades. Além disso, uma das casas de força vai diminuir de tamanho e poderá mudar de lugar. Estima-se que essas alterações proporcionem uma economia de R$ 1 bilhão apenas com o serviço de concretagem. No caso das turbinas, o corte pode ser de US$ 400 milhões.

QUEM PARTICIPA

Leilão Dois consórcios disputaram o leilão: um, liderado por Andrade Gutierrez, e o Norte Energia, montado pelo governo. Um terceiro grupo, liderado por Camargo Corrêa e Odebrecht, desistiu na reta final.

SPE Para exercer a concessão, o vencedor do leilão precisa criar uma Sociedade de Propósito Específico (SPE). A empresa terá, além de participantes do leilão, autoprodutores de energia e fundos de pensão ligados a empresas do governo.