Título: Direita agrega governo e oposição na Colômbia
Autor: Costas, Ruth
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/05/2010, Internacional, p. A17
A Colômbia é um país de direita. Ou pelo menos de eleitores e políticos que preferem atribuir-se esse rótulo. A diferença com o Brasil chama a atenção. Hoje, os três primeiros colocados na corrida presidencial brasileira apresentam-se como esquerda, centro-esquerda ou esquerda verde. Na Colômbia, entre os nove partidos que concorrem às eleições, só um se diz esquerdista - o Polo Democrático, de Gustavo Petro, que tem 5% das intenções de voto. O grupo dos que se apresentam como ¿direitistas¿ reúne desde o candidato governista, Juan Manuel Santos, até o opositor Antanas Mockus (que às vezes diz ser de centro-direita, às vezes prefere o termo independente ou ¿acima de classificações¿) e a ex-embaixadora Noemí Sanín, conservadora. A grande exceção entre os políticos com chances de chegar ao poder é o vice de Santos, Angelino Garzón, um ex-sindicalista que diz ser hoje de centro-esquerda "por convicção, não filiação política", mas admite que é preciso ter coragem para manter esse rótulo. Para especialistas, foi incluído na chapa governista para dar-lhe ares "menos elitistas". ¿Na Colômbia, há essa ideia de que a esquerda estaria vinculada à defesa da guerrilha, que tanto sofrimento causou para a população", disse ao Estado, o ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa, um dos homens fortes da candidatura de Mockus. A rejeição ao venezuelano Hugo Chávez também não ajudou a melhorar a imagem dos esquerdistas. Peñalosa explica que o Partido Verde defende práticas que poderiam ser consideradas de esquerda. "Somos a favor de desapropriar terras para construir casas populares e também de privatizações em alguns casos, o que é considerado direitista", diz. "Mockus prefere marcar a diferença coma esquerda pela conotação que o termo tem na Colômbia." No Brasil não há o problema de um grupo armado de esquerda. "A Colômbia só passou por dois períodos de ditadura, um no século 19, e o outro no século 20, que durou quatro anos (o regime de Gustavo Rojas Pinilla, de 1953 a 1957)", diz o cientista político Gabriel Murillo, da Universidade dos Andes.