Título: Dirigentes negam acusações e reforçam ataque a adversários
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2010, Nacional, p. A4

Em Limeira, assembleia teria sido forjada para fundar entidade ligada aos trabalhadores de joalherias da região

"Não agredi ninguém. Mas se tiver de gritar, sou mal educado mesmo." A frase é de Raimundo Miquilino. Aos 60 anos, ele recebe aposentadoria de R$ 2 mil e mais R$ 4 mil para dirigir uma federação. Preside o Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo, que atende dez categorias e ainda briga na Justiça para representar os trabalhadores dos postos de combustíveis do Distrito Federal.

Ao receber o Estado na sexta-feira, Miquilino elevou o tom nos ataques aos adversários e ao Ministério do Trabalho, que concedeu o registro para a entidade inimiga. "Não quero ser Medeiros nem Lupi. Quero fazer sindicalismo", afirma.

A entidade que dirige vive com uma receita de, pelo menos, R$ 500 mil por ano, segundo a prestação de contas publicada no Diário Oficial do DF.

O presidente do Sinpospetro - o outro sindicato dos frentistas -, Carlos Alves Santos, tem a fama de ser parceiro dos donos de postos na desfiliação da entidade mais antiga. Ele nega ligação com os patrões e rebate as acusações. "Não estamos mentindo. Eles nunca fizeram nada pela categoria." Ele mostra à reportagem boletins de ocorrência em que Miquilino é acusado de agredir trabalhadores.

"Fantasma". O dirigente do Sintijob em Limeira, Carlos Solano, é acusado pelos adversários de forjar uma assembleia para fundar a entidade "fantasma". A edição de maio do jornal do Sintrajoias comemora a decisão judicial que barrou o registro concedido pelo Ministério do Trabalho no dia 12 de março a outro sindicato. "Acabou a farsa sindical montada em Limeira pelo Solano "Zé Tapioca" e a corriola de sindicalistas que há muito tempo comem na mão dos patrões, enriquecem ilicitamente e usam de maneira fraudulenta as contribuições da categoria", diz o Sintrajoias. Solano nega tudo. "Nós fizemos a assembleia de desmembramento. Esse outro sindicato não dava atenção aos trabalhadores em Limeira. Os funcionários que pediram para abrirmos a nova entidade."

A proliferação de sindicatos decorre, segundo dirigentes das entidades, da aplicação da portaria 186, editada pelo governo em 2008. A medida, alegam, simplificou a abertura de sindicatos e novas federações e confederações, ferindo a unicidade sindical exigida pela Constituição. / L.C.

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