Título: EUA investigam vazamento de petróleo
Autor: Mello, Patrícia Campos; Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2010, Vida, p. A17

O Estado de S.Paulo O Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu investigação criminal e civil para apurar responsabilidades pelo vazamento de petróleo no Golfo do México, o maior desastre ecológico da história do país. O secretário de Justiça, Eric Holder, disse que a investigação será "abrangente e agressiva". Holder afirmou que todos envolvidos serão investigados e os que desrespeitaram as leis, processados.

Horas antes, o presidente Barack Obama havia endurecido o tom contra a BP, responsável pelo poço de onde já vazaram entre 76 e 167 milhões de litros de petróleo. "Se houve desrespeito às nossas leis, levando a todas essas mortes e destruição, eu prometo que os responsáveis serão processados", disse. Obama prometeu uma "apuração completa e vigorosa" das causas do acidente. E pediu aos líderes da comissão especial de investigação que façam o necessário para descobrir os culpados pelo vazamento de óleo, que ontem atingiu o Estado de Mississippi, após ter afetado Louisiana e Alabama.

O chefe da Casa Branca também disse que "se as nossas leis forem insuficientes para evitar catástrofes desse tipo, essas leis precisam mudar. E se a supervisão tiver sido inadequada, ela terá de mudar". Pela primeira vez, Obama usou a expressão "maior desastre natural da nossa história" em um discurso.

O presidente afirmou que a comissão de investigação tem seu "apoio para seguir os fatos, seja aonde quer que eles levem, sem medo". "É essencial que examinemos de forma abrangente como a indústria de petróleo e gás opera e como o nosso governo supervisiona essas operações." A comissão terá seis meses para entregar um relatório. Obama indicou que a perfuração de poços em alto-mar só voltará a ser autorizada após as investigações.

"Um modo de vida está sob ameaça, não apenas águas e peixes, mas um tesouro nacional", disse o presidente. Ele anunciou que vai triplicar o número de pessoas mobilizadas para limpar o petróleo que atingiu a costa. São atualmente 20 mil e muitas delas estão sendo alojadas em barcos, batizados de flotels, por falta de acomodação na região.

Obama tem sido criticado por ter dado liberdade à BP nas tentativas da empresa de limpar o derramamento e conter o vazamento. Pesquisa divulgada ontem mostra que 42% dos americanos desaprovam a maneira de Obama lidar com o acidente, enquanto 39% aprovam.

Manobra arriscada. A BP tenta uma nova manobra para conter o vazamento, chamada de "lower marine riser cap" (mais informações nesta página). Mas ela é arriscada e pode aumentar em até 20% o fluxo de óleo que vaza do poço antes de contê-lo. O governo já admite o pior cenário, de que o petróleo continuaria a vazar até agosto, quando termina a construção do primeiro dos dois poços auxiliares. A BP disse ontem que já gastou US$ 900 milhões para conter o vazamento e limpar as águas e a costa. Isso não inclui as centenas de processos e indenizações em curso.