Título: Regime iraniano evita protestos em aniversário de manifestações
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/06/2010, Internacional, p. A18

Aiatolás tentam impedir opositores de sair às ruas um ano após os maiores distúrbios dos 30 anos de República Islâmica

Estado de S.Paulo Oposição. Manifestação de 2009 contesta vitória do governo

O Irã reforçou ontem seu aparato de segurança para evitar que opositores saiam às ruas hoje para protestar no aniversário de um ano da polêmica reeleição do presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad. Na época, o "movimento verde" mobilizou centenas de milhares de pessoas nas principais cidades iranianas contra supostas fraudes eleitorais.

Temendo a violência, os dois principais líderes da oposição, Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karoubi, cancelaram manifestações e pediram a seus seguidores que não saíssem às ruas. Ahmad Reza Radan, um dos dirigentes da polícia iraniana, alertou que protestos no aniversário da eleição "serão combatidos com severidade".

A dura repressão do governo, matando e torturando líderes opositores, além de sabotar sites utilizados para organizar os protestos, como o Twitter e o Facebook, acabou reduzindo as manifestações contra o regime nos últimos meses.

Segundo Gary Sick, professor da Universidade Columbia, "apesar de o governo gradualmente ter obtido sucesso em acabar com a escalada de protestos da oposição, profundas divisões internas ainda persistem, tanto na elite política quanto na população".

Nos meses seguintes à eleição, os opositores convocaram dezenas de manifestações. O professor iraniano-americano Abbas Milani, diretor do Centro de Estudos Iranianos da Universidade Stanford, chegou a afirmar que os dias do regime estavam contados. O aiatolá Ali Montazeri, morto no fim do ano passado e ligado aos opositores, disse na época que a República Islâmica não era "mais uma república, e tampouco islâmica".

Há uma semana, o líder supremo, Ali Khamenei, anunciou que manifestantes serão tratados como traidores a serviços dos EUA e da Grã-Bretanha.