Título: Economia já começa a dar sinais de desaceleração
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/06/2010, Economia, p. B4

Índice de Atividade Econômica do BC mostra crescimento de 0,27% em abril, taxa mais baixa desde dezembro de 2008

A economia brasileira já começa a dar sinais de desaceleração do ritmo de crescimento, embora mantenha taxas ainda fortes de expansão. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de abril mostrou crescimento de 0,27% em relação a março, a taxa mensal mais baixa desde dezembro de 2008, quando apresentou queda de 4,39%.

Quando se compara com abril de 2009, porém, o IBC-Br apresenta crescimento de 10,87%. De janeiro a abril, o indicador do BC apontou alta de 10,5% em relação ao período de janeiro a abril de 2009, mostrando que, apesar dos primeiros sinais de perda de ritmo, a economia do País segue com uma expansão vigorosa. Os números são obtidos com base nos dados que consideram os efeitos típicos de cada período, o chamado ajuste sazonal.

Por ter menor defasagem de divulgação e ao mesmo tempo por sua proximidade com o dado efetivo do IBGE, é a mais recente ferramenta utilizada pelo BC para ajudar a definir a taxa Selic, hoje em 10,25% ao ano.

Estatísticas. Com periodicidade mensal, o IBC-Br leva em conta estatísticas disponíveis sobre agropecuária, indústria e serviços. No mês passado, o BC divulgou o indicador de março, que apresentou expansão de 1,17% em comparação a fevereiro.

No resultado do primeiro trimestre, o IBC-Br indicou crescimento de 9,85% na comparação com os três primeiros meses do ano. O dado efetivo do IBGE, divulgado em 8 de junho, mostrou expansão de 9%. O resultado do IBC-Br em abril, na comparação com março, favorece a tese de que a economia brasileira já estaria em fase de desaceleração.

Embora em geral os economistas considerem que uma redução do ímpeto do primeiro trimestre ocorreria de qualquer jeito, pois aquele período marcou o pico da atividade no Brasil, a divergência reside no ritmo da desaceleração.

O Ministério da Fazenda, que não quer um processo tão agressivo de alta dos juros, entende que a redução da atividade econômica será mais intensa do que o BC e o mercado estariam enxergando e, por isso, gostaria de ver dosagem mais comedida de alta da Selic para evitar um desestímulo à expansão dos investimentos e uma interrupção do ciclo de crescimento econômico.

A economista-chefe do banco ING, Zeina Latif, avaliou que o IBC-Br de abril reforça a tese de desaceleração da atividade a partir do segundo trimestre, mas ainda com um ritmo intenso de expansão da economia.

"Ainda é cedo para dizer se o indicador está fraco ou não", disse Zeina, explicando que, com o dado de maio, poderá ter uma visão mais clara sobre o crescimento do segundo trimestre, que hoje ela prevê em alta de 1,2% na comparação com o primeiro.

"Minha visão é de crescimento ainda forte, robusto, mas sem o exagero do primeiro trimestre, que pegava todo o efeito dos cortes dos juros no ano passado e os últimos momentos do IPI reduzido", afirmou a economista.