Título: Teerã adota medidas para amenizar impacto das sanções
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2010, Internacional, p. A16
Enquanto o Congresso prepara-se para aplicar as sanções às importações de combustível vitais para o Irã como parte do seu pacote punitivo mais abrangente, observadores afirmam que Teerã já fez o possível para reduzir o impacto das novas medidas dos EUA.
Pressionado pelas sanções anteriores, nos últimos quatro anos o Irã reduziu sua dependência das importações de produtos refinados do petróleo de 40% para menos de 30%, segundo analistas. O governo tenta reduzir ainda mais esta cifra ampliando a capacidade de refino do seu petróleo, experimentando com combustíveis alternativos e baixando o consumo por meio da eliminação gradativa dos subsídios à gasolina.
Nos últimos seis meses, graças a um elaborado sistema de racionamento, o consumo interno de gasolina caiu quase 20%, indicam estatísticas oficiais. Ao mesmo tempo, o Irã aumentou a oferta disponível para atender às necessidades diárias e também elevou suas reservas estratégicas adquirindo derivados refinados de petróleo de países como Índia, Turcomenistão e Holanda. O orçamento do governo mostra que, desde 2008, o país gastou mais de US$ 10 bilhões com as compras.
"Acho que é bobagem tentar puni-lo restringindo a entrada de gasolina importada", disse Flynt Leverett, ex-especialista da Casa Branca sobre Oriente Médio. "Outras companhias aproveitaram a brecha; os chineses aumentaram os fornecimentos de gasolina ao Irã. No Golfo, há toda uma nova rede de empresas dispostas a comercializar produtos refinados com o Irã".
Na Feira anual do Petróleo realizada em maio em Teerã, estiveram presentes centenas de empresas da Europa, Ásia e da América do Sul. Representantes do setor que estiveram na feira disseram que companhias com vínculos com a poderosa Guarda Revolucionária iraniana tomaram o lugar das companhias ocidentais obrigadas a sair do Irã pelas atuais sanções. Representantes de companhias chinesas afirmaram que as sanções ampliaram consideravelmente suas oportunidades de negócios na República Islâmica.
SÃO JORNALISTAS DO "WASHINGTON POST"