Título: Presidente mexicano vai à TV e apela a país que se una contra o narcotráfico
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2010, Internacional, p. A11

Um dia depois do assassinato de candidato a governador nas eleições de domingo, Calderón alerta que ação do crime organizado põe em risco até mesmo as instituições democráticas do México; relatos de seguidos massacres minam a popularidade do governo 30 de junho de 2010 | 0h 00 Leia a notícia Comentários EmailImprimirTwitterFacebookDeliciousDiggNewsvineLinkedInLiveRedditTexto - + Reuters e Ap - O Estado de S.Paulo CIDADE DO MÉXICO Um dia depois do assassinato de Rodolfo Torre, candidato favorito para vencer as eleições ao governo do Estado de Tamaulipas, no domingo, o presidente do México, Felipe Calderón, convocou ontem a união de todos os partidos políticos do país para dar "uma resposta firme" aos narcotraficantes, responsabilizados pelo crime.

"Não há margem para dividendos políticos", afirmou o presidente em uma mensagem gravada na residência oficial de Los Pinos. "O desafio enfrentado pelo México exige que todos os partidos e forças políticas atuem em uma frente comum contra o crime organizado, que ameaça destruir não só nossa tranquilidade como também nossas instituições democráticas."

Torre era membro do oposicionista Partido Revolucionário Institucional (PRI). O candidato foi assassinado juntamente com cinco acompanhantes na segunda-feira, numa emboscada no norte do país. Ele é o político de mais alto escalão morto no México nos últimos 16 anos e o mais importante a ser assassinado às vésperas da eleição de domingo, quando 12 dos 31 Estados mexicanos escolherão seus governadores.

As eleições regionais são consideradas um termômetro da popularidade de Calderón e uma prévia da corrida presidencial de 2012, na qual o PRI tentará retomar o poder, que está nas mãos do Partido Ação Nacional (PAN), do atual presidente, desde 2000.

Queda livre. De acordo com uma pesquisa divulgada no início do mês, metade dos mexicanos está decepcionada com Calderón. Em março de 2009, 24% reprovavam seu governo. Hoje, o índice quase duplicou e está em 42%.

Há dez anos, o PAN chegou ao poder com Vicente Fox e um compromisso de mudança. A primeira grande conquista foi acabar com o domínio do PRI, que governou o México por 71 anos ininterruptos. Entre as promessas estavam o combate ao desemprego, à corrupção e ao clientelismo.

Uma década depois, escorraçar o PRI do poder foi a única grande realização do PAN. A percepção da maioria da população é a de que o México piorou. Em 2000, Fox assumiu um país que crescia 6% ao ano. Em 2009, a crise fez a economia encolher 6%. Em 2006, Calderón foi eleito em uma contestada disputa contra o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD) ? ele obteve 35,9% dos votos, enquanto Obrador conseguiu 35,4%.

Ao assumir, Calderón endureceu a guerra contra o narcotráfico e enviou 45 mil soldados para os Estados onde a situação era mais crítica. Desde então, cerca de 25 mil pessoas morreram em confrontos entre forças de segurança e traficantes e a violência só aumentou. Para a maioria dos mexicanos, o governo está perdendo a luta contra os cartéis.