Título: Com 100% da Vivo, grupo espanhol dá salto no País
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2010, Negocios, p. B12

Se assumir sozinha o controle da operadora, Telefónica se torna a maior empresa de telecomunicações do Brasil

Assumir 100% do controle da Vivo é uma cartada de mestre para a Telefónica alavancar a participação do Brasil nos resultados da holding espanhola. Isso porque, ao promover a integração da operadora móvel (Vivo) com a fixa (Telesp), o grupo espanhol teria não só enxugamento de despesas, mas também ganharia poder de barganha com fornecedores para negociar investimentos e aquisição de equipamentos, uma vez que a Telefónica se tornaria o maior grupo de telecomunicações do Brasil.

A operadora espanhola estimou em 2,8 bilhões os ganhos da sinergia entre Vivo e Telesp. Os portugueses, no entanto, afirmam que o valor é bem superior: 12,4 bilhões, ou mais de quatro vezes, o que explica a relutância em dispor do controle da operadora brasileira.

A incorporação da Vivo também é crucial para a Telefónica se tornar um concorrente de peso no Brasil, capaz de peitar a Oi e o grupo do mexicano Carlos Slim, que controla a Claro, a Embratel e a Net.

Na hipótese de os portugueses não aceitarem a proposta de 7,15 bilhões na assembleia de hoje - que segundo a operadora é a última oferta para a Portugal Telecom, conforme fato relevante divulgado ontem à noite ?, a Telefonica terá de partir para outra frente.

"Novela". Uma das hipóteses aventadas por analistas é que a espanhola pode até propor para os portugueses uma participação na operadora de telefonia brasileira, a Telesp, depois da incorporação da Vivo.

Isso porque, sem um acordo com os portugueses, a espanhola não conseguirá concorrer com a Oi e a América Móvil, que ofertam serviços de telefonia fixa, banda larga, telefonia móvel e TV por assinatura.

Atualmente, a atuação da Telefónica restringe-se ao estado de São Paulo. Depois de perder para a Vivendi a compra da GVT, a Vivo tornou-se ainda mais vital para a operadora espanhola expandir-se no mercado brasileiro. "Não acredito que a novela acabe amanhã (hoje). Se a Telefónica não conseguir a aprovação da oferta pelos portugueses, a novela deve continuar", afirma Eduardo Tude, presidente da Teleco, consultora especializada em telecomunicações. "A maneira de continuar com as duas seria fazer uma fusão da Vivo com a Telesp, tendo o português como sócio,"

Para o especialista, esse não seria o cenário ideal para os espanhóis, mas pode ser a única saída se a resistência dos portugueses em dispor do controle da Vivo persistir.

"A fusão é mais problema da Telefónica do que da Vivo. A Telefónica é que precisa da Vivo para competir com a Claro e com a própria Oi", ressaltou.