Título: Balança comercial tem pior resultado semestral em 8 anos
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2010, Economia, p. B8

Importações aumentaram 43,9% na primeira metade do ano e reduziram superávit em 43,3% ante o mesmo período de 2009

BRASÍLIA Com um aumento de 43,9% nas importações, a balança comercial brasileira fechou o primeiro semestre com o pior resultado desde 2002. As exportações superaram as importações em US$ 7,88 bilhões.

O superávit comercial de janeiro a junho caiu 43,3% em comparação com o mesmo período do ano passado, refletindo o aumento das compras externas, principalmente de matérias-primas, insumos e bens de consumo, para atender à forte demanda interna das empresas provocada pelo crescimento mais acelerado da economia ao longo de 2010.

As importações bateram recorde no primeiro semestre e atingiram US$ 81,3 bilhões, com um ritmo de expansão que foi quase o dobro das exportações.

Graças ao aumento das vendas de commodities e à recuperação das vendas de manufaturados para os países da América Latina, as exportações cresceram no período 26,5%, o que garantiu que a corrente de comércio (a soma das importações e exportações) no primeiro semestre do ano batesse o recorde de US$ 170,49 bilhões -, US$ 44,49 bilhões superior ao mesmo período de 2009.

Maior pressão. A balança comercial fechou o mês de junho com superávit de US$ 2,27 bilhões, o segundo melhor saldo do ano. Em comparação a junho de 2009, as importações cresceram no mês 50,2% e as exportações, 18,2%.

A maior pressão para a balança comercial vem do lado das importações de matérias-primas e insumos - grupo de produtos destinados à produção industrial, que tem mais peso na pauta comercial. As compras desses produtos cresceram 45,8% no primeiro semestre e totalizaram US$ 38,07 bilhões, volume que representou 46,8% do total de US$ 81,3 bilhões exportado pelo Brasil no primeiro semestre.

Um ritmo ainda maior de crescimento das importações foi registrado nas compras de combustíveis e lubrificantes (65%) e de bens de consumo duráveis (69,2%). Por outro lado, as compras de máquinas e equipamentos (bens de capital) destinadas a novos investimentos tiveram uma expansão bem mais tímida no semestre, de 26,2%.

O aumento das importações e das exportações deve permanecer no segundo semestre, previu ontem o secretário-adjunto de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Fábio Faria. É nesse período do ano que tradicionalmente o comércio exterior se mostra mais intenso, principalmente com o aumento da demanda para as festas de fim de ano. "O que é importante é o crescimento do volume da corrente de comércio. E isso está acontecendo."

O secretário ressaltou como positivo o fato de as exportações no primeiro semestre terem crescido em patamar acima da projeção de expansão de 16% para o comércio mundial em 2010, feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).