Título: Acesso a procedimento cirúrgico continua restrito
Autor: Toledo, Karina
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2010, Vida, p. A15

Embora o número de cirurgias feitas pelo SUS tenha crescido 20% entre 1995 e 2007, o acesso a esse tipo de tratamento segue restrito se comparado a países desenvolvidos. Esse é outro dado apontado pelo InCor.

Segundo os pesquisadores, o custo dos procedimentos para o sistema de saúde aumentou 200%, gerando gastos no período de cerca de R$ 17 bilhões. A mortalidade cresceu 31,11%.

O levantamento mostra que 3 milhões de cirurgias são feitas por ano pelo SUS, um décimo do número registrado nos Estados Unidos. "E nossa população não é 10% da americana", afirma Bruno Caramelli, coordenador do estudo.

Os números, diz Caramelli, indicam que o acesso ao tratamento cirúrgico é desigual nesses países. E a demanda reprimida que existe no Brasil tende a aumentar com o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida. "Novas tecnologias tornaram possível operar pacientes antes inoperáveis. Isso é bom, mas tem um preço. É a crônica de um problema anunciado."

Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Saúde destacou que o estudo não considera dados do setor privado ? que atende 40 milhões de brasileiros ? e lembrou que nos EUA não há sistema público de saúde, o que dificulta a comparação. E afirma que a pasta prioriza a prevenção e a promoção da saúde ao investir na atenção básica e nas equipes de saúde da família.

"Se considerarmos apenas os 150 milhões de brasileiros que não têm plano de saúde na comparação com os EUA, ainda assim é preciso triplicar a capacidade de atendimento do SUS", afirma Paulo Kassab, do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Uma saída interessante, avalia, é o modelo de Organização Social de Saúde (OSS), que transfere a administração dos hospitais públicos para organizações privadas sem fins lucrativos. "Desonera o Estado, aumenta a capacidade de atendimento e melhora o desempenho dos hospitais", diz.

As cirurgias programadas correspondem à maior parte das intervenções analisadas. Quem mais sofre com as filas é justamente quem mais precisa desse atendimento não emergencial.

"Muitas vezes um tratamento que poderia ser cirúrgico acaba sendo substituído por paliativos, e o paciente tem de conviver com a limitação", afirma Cláudio Santili, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. / K.T.