Título: Investidor intensifica negociação para formar consórcios
Autor: Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2010, Economia, p. B3

Depois que o TCU liberou o processo de licitação, interessados saíram em busca de possíveis parcerias

A corrida para disputar a concessão do Trem de Alta Velocidade (TAV) já começou entre os investidores. Desde a liberação do processo de licitação pelo Tribunal de Contas da União (TCU), no fim do mês passado, empresas de vários setores intensificaram as conversas para formação de consórcios. Com a divulgação do edital, o movimento vai crescer ainda mais.

O presidente da Trends, Paulo Benites, representante do consórcio coreano, destaca que o grupo está em negociação com seis empresas e fechou entendimento com outras cinco. Uma delas é a Bertin, companhia do ramo frigorífico, que está reforçando sua presença no setor de infraestrutura (ela é sócia do consórcio que venceu a hidrelétrica de Belo Monte). Outra que estaria interessada nesse grupo é a Galvão Engenharia, que também é sócia do consórcio vencedor de Belo Monte.

No caso dos chineses, as negociações vão se intensificar a partir de agora, depois que os sócios entenderem melhor as regras do edital de licitação, afirmou o representante do grupo, Marco Polo Moreira Leite, presidente da Asean Trade Link (ATL).

O consórcio é liderado pelas estatais China Rail Construction Company (CRCC), China North Railway (CNR)e China Investment Corporation. "Já iniciamos conversas com alguns interessados, mas ainda não fechamos com ninguém."

Ontem, o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, afirmou que a Itália também manifestou interesse pelo trem brasileiro. Há ainda franceses, espanhóis, japoneses e alemães de olho no empreendimento. Da mesma forma, os fabricantes, detentores da tecnologia do sistema do trem-bala, devem aumentar as conversas para participar da disputa, marcada para 16 de dezembro.

A francesa Alstom vai avaliar o conteúdo do edital para verificar a atratividade do projeto. A alemã Siemens está interessada e já iniciou uma série de conversas com possíveis parceiros, mas não deve encabeçar nenhum consórcio. As construtoras brasileiras também devem marcar presença. A Odebrecht, maior do País, já designou uma equipe para estudar todo o processo e a viabilidade da obra.

Nas últimas semanas, a criação de fundos de investimentos para entrar no negócio ganhou força. O presidente da empresa Estação da Luz Participações, Guilherme Quintella, representante da International Union of Railways (UIC), no Brasil, negocia com fundos de pensão e outros interessados na formação de um fundo para disputar o empreendimento.

Segundo ele, a divulgação do edital de licitação deu uma "chacoalhada" em muitos empresários que até então duvidavam do empreendimento, que ligará Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro por meio de nove estações. "Acredito que em meados de agosto já possamos ter algo mais concreto em relação à formatação deste fundo", afirma Quintella.