Título: Experiência com trens será critério de desempate
Autor: Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2010, Economia, p. B3

Será vencedor da licitação quem aceitar receber a menor tarifa para transportar os passageiros no trecho entre São Paulo e Rio

O tempo de experiência na operação de trens de alta velocidade poderá ser usado como critério de desempate na seleção do vencedor do leilão de concessão do projeto do trem-bala brasileiro, que ligará Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. O principal critério para a escolha do vencedor será o de quem oferecer a menor tarifa para os usuários da classe econômica no serviço expresso entre São Paulo e Rio de Janeiro.

Mas, caso haja empate no valor da melhor proposta, será vencedor o investidor que comprovar ter mais experiência.

O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, admite que, entre os interessados no projeto brasileiro, os japoneses são os que têm hoje o sistema mais antigo. O trem-bala do Japão existe desde 1964.

Mas, segundo ele, isso não representa uma vantagem para eles. O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, ressaltou que as combinações possíveis de empate são inúmeras e podem não necessariamente incluir os japoneses.

Figueiredo afirmou que não poderiam usar a tecnologia como critério de desempate porque isso poderia dirigir a licitação. "Acho saudável que o critério de desempate seja quem tem mais experiência por ser o sistema mais testado. Não é privilégio. É só um critério que faz sentido", disse.

Depois de se afastarem das conversas com o governo brasileiro, os italianos voltaram a manifestar ontem interesse no projeto. "Quando a gente nomina os países que têm interesse, isso é baseado no nosso contato diário com os investidores. E realmente nós já conversamos com os italianos, mas eles andavam afastados das discussões. Hoje, porém, um representante da embaixada reafirmou o interesse", disse Figueiredo.

Além dos italianos, estão interessados no trem-bala brasileiro investidores dos seguintes países: Coreia do Sul, Japão, França, Alemanha, China e Espanha.

Estações. Figueiredo ressaltou que o edital do leilão, lançado ontem, manterá a exigência de algumas estações obrigatórias. São elas: centro do Rio de Janeiro, aeroporto do Galeão, Aparecida, Guarulhos, centro de São Paulo, Viracopos e centro de Campinas. Os empreendedores terão ainda de construir, em locais a serem escolhidos por eles, uma estação na parte paulista do Vale do Paraíba e outra na metade fluminense do Vale. As estações devem ser feitas em São José dos Campos (SP) e Resende (RJ).

Com relação à polêmica sobre a utilização de uma área do Campo de Marte - aeroporto de aviação geral localizado na zona norte de São Paulo - para a instalação de uma estação do trem-bala, Figueiredo afirmou que o governo já chegou a um entendimento de que é possível fazer a estação sem comprometer a pista de pouso. "Não há conflito entre o trem de alta velocidade e as atuais funções do Campo de Marte."

Financiamento. Figueiredo estimou que os bancos de fomento internacionais, como os Eximbanks, deverão financiar até R$ 5,7 bilhões a título de importação de equipamentos para a construção do trem-bala brasileiro.