Título: Vendas de TVs puxam expansão do comércio
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2010, Economia, p. B5

Antecipação de compras de aparelhos por causa da Copa do Mundo favorece resultados do varejo em maio, com alta de 10,2% sobre 2009

O comércio varejista retomou a trajetória de crescimento acelerado em maio, após resultado negativo em abril, sob impacto positivo das compras antecipadas de televisores para a Copa do Mundo. Ontem, o IBGE divulgou um aumento de 1,4% nas vendas em comparação ao mês anterior e de 10,2% em relação a maio do ano passado. A expansão foi puxada, especialmente, pelos supermercados e vendas de móveis e eletrodomésticos.

O técnico da coordenação de serviços e comércio, Reinaldo Pereira, disse que os dados de maio do varejo confirmam que a queda nas vendas em abril em relação a março (-3,1%) representa uma "acomodação pontual". Em maio, o crescimento acompanha a expansão da economia.

"A retomada do comércio em maio reflete o aumento da massa salarial, com elevação da renda do trabalho e redução da taxa de desemprego. Além disso, o Dia das Mães este ano foi melhor do que no ano passado e houve, ainda, antecipação das compras de eletrodomésticos para a Copa do Mundo", afirmou.

Nos indicadores de junho, porém, a Copa deverá ter efeito negativo sobre os dados do comércio, segundo avalia o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho. "As vendas em junho registrarão um crescimento menor do que o apontado em maio, mas deverão voltar a se recuperar em julho", acredita.

O argumento do analista é que o Mundial provocou a redução do tempo de abertura das lojas no comércio e uma queda efetiva do consumo, com os feriados extraordinários em dias de jogos do Brasil. Alexandre Andrade, da Tendências Consultoria, avalia que os dados do comércio de maio confirmam que a demanda doméstica manteve no período a trajetória de elevação observada nos meses anteriores. Segundo ele, os resultados mostram que não há, até o momento, sinais de enfraquecimento da demanda por conta do aperto nos juros promovido pelo Banco Central.

Para os próximos meses, a expectativa de Andrade é que o encarecimento do crédito, em consequência do aumento dos juros, poderá afetar o consumo de bens de consumo duráveis (eletrodomésticos e automóveis). No entanto, ele ressalta que o arrefecimento será brando por causa do impacto positivo que o aumento da renda e do emprego terá sobre a venda desses bens de consumo.

Em maio, as atividades de supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo e de móveis e eletrodomésticos responderam, juntas, por 7 pontos porcentuais da elevação de 10,2% nas vendas do comércio varejista em maio, em relação ao mesmo mês de 2009.

Pereira disse que o aumento de 19,5% nas vendas de móveis e eletrodomésticos em maio em comparação ao mesmo período do ano passado reflete uma antecipação nas compras de televisores para a Copa iniciada em junho. Pereira atribui o desempenho dos supermercados à continuidade do ganho de renda dos consumidores e à desaceleração no ritmo de aumentos de preços de alimentos. / COLABOROU MARCÍLIO SOUZA