Título: Carga tributária e taxa de condomínio
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/07/2010, Economia, p. B1

A carga tributária brasileira, uma das mais altas do mundo entre os países com renda per capita semelhante, não para de crescer, pois a voracidade fiscal não tem limites, como não tem limites o desperdício de dinheiro público. Neste ano, os primeiros resultados de arrecadação federal indicam novo aumento da carga. O fato é que as armadilhas orçamentárias nas quais o setor público vem se enredando exigem receita cada vez maior. Os dados relativos à necessidade de financiamento do setor público, anualizados até maio, revelam que só os juros nominais da dívida pública representaram despesa equivalente a 5,42% do PIB e o déficit do INSS, outros 1,42%. Como o superávit primário - a "poupança" do governo para pagar o serviço da dívida - deste ano deverá atingir, se tanto, metade das despesas com juros nominais, a outra metade será suprida com novas dívidas. Some-se a isso as bondades eleitoreiras e podemos vislumbrar necessidade cada vez maior de receita. Soa ingênuo o clamor por redução da carga tributária: como taxa de condomínio, ela deve ser suficiente para cobrir os gastos, sob pena de "chamada extra" ou de colapso no atendimento às necessidades básicas dos condôminos