Título: Dados dos EUA derrubam o mercado
Autor: Chaves, Danielle
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/07/2010, Economia, p. B1

Indicadores de preços e balanços de grandes empresas provocam onda de pessimismo sobre a recuperação da economia americana

A queda maior que a prevista no sentimento do consumidor americano em julho e balanços de grandes bancos e empresas derrubaram os mercados internacionais ontem. Os números agravaram os receios de que a recuperação da economia norte-americana esteja se enfraquecendo, espalhando pessimismo entre os investidores.

As bolsas, cotações de matérias primas e juros dos títulos do Tesouro americano tiveram forte queda, com reflexos também no Brasil, onde a Bovespa fechou em baixa de 1,81%, com 62.339 pontos. O dólar teve alta de 0,56%, fechando o dia em R$ 1,78. Foi o encerramento de uma semana de alta acumulada de 1,25%, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas do mês (baixa de 1,22%).

O índice Nasdaq, que concentra as ações empresas de tecnologia, teve a maior baixa no mercado, de 3,11%. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve baixa de 2,52%.

Os balanços da General Electric, Bank of America e Citigroup chegaram a provocar certo entusiasmo nos mercados logo após serem divulgados, mas o ânimo durou pouco, por causa da queda nas receitas. O lucro da GE subiu 16% no segundo trimestre, em comparação ao mesmo período do ano passado, mas a receita caiu 4,3%. O BofA teve queda de 3,1% no lucro, menor do que a prevista, mas a receita diminuiu 11%. O lucro do Citigroup caiu 37% e, embora tenha superado levemente as estimativas, foi ofuscado pelo declínio de 33% na receita - pior que o esperado.

O setor corporativo já preocupava os investidores desde quinta-feira, quando o Google anunciou lucro de US$ 5,71 por ação no segundo trimestre, abaixo da previsão. Os balanços fracos do BofA e do Citi pressionaram ainda mais o setor bancário, já sob o foco dos investidores em razão das incertezas com os testes de estresse dos bancos na Europa e com a histórica reforma financeira aprovada pelo Senado dos EUA na quinta-feira.

O clima pesado por causa dos balanços piorou ainda mais depois da divulgação de indicadores nos EUA. O índice de preços ao consumidor (CPI) caiu 0,1% em junho, na comparação com maio, contra expectativa de que ficaria estável. E o golpe final que ajudou a elevar a onda de pessimismo no mercado veio do índice de sentimento do consumidor Reuters/Universidade de Michigan (preliminar de julho), que caiu para 66,5. O número foi pior que o esperado e o menor desde agosto do ano passado.

Tudo isso reforçou a sensação de que a recuperação da economia dos EUA está se desacelerando. "Estamos tendo uma imagem mais consistente de crescimento muito fraco", afirmou Rex Macey, diretor do banco Wilmington Trust. A consultoria IG Index disse que apesar de um começo positivo da temporada de balanços, "os investidores ainda não têm informações que ajudem a dispersar as preocupações com a situação da economia de forma mais ampla".