Título: Essas pessoas são criminosas, diz castrista
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/07/2010, Internacional, p. A9

Ricardo Alarcón. Presidente da Assembleia Nacional de Cuba Político pró-Fidel assegura que todos os presos do grupo de 52 serão libertados nas próximas semanas

Cuba garante que liberará todos os 52 presos políticos que prometeu, mas insiste que "os dissidentes são criminosos". Em entrevista ao Estado, o presidente da assembleia Nacional de Cuba, Ricardo Alarcón, ataca os EUA e torce para que o Brasil tenha "sua primeira mulher presidente", em referência à candidata Dilma Rousseff.

Cuba cumprirá a promessa de liberar todos os 52 presos?

Todos serão libertados, sem exceção, nas próximas semanas.

Por que Cuba libertou esses dissidentes?

Não são dissidentes. São pessoas culpadas por crimes e por trabalharem para potências estrangeiras que querem destruir nosso país. Isto é crime em qualquer país do mundo, com pena de prisão e até de morte.

Para onde irão os presos que ainda estão em Cuba?

Veremos. Mas serão libertados.

Existe a possibilidade de alguns ficarem em Cuba?

Acho difícil que todos fiquem. Estamos procurando um lugar no exterior para resolver a situação. Eles precisam de visto e é nisso que trabalhamos agora.

Há alguma negociação similar com o Brasil para recebê-los?

Pelo que sei, não existe nada.

A liberação foi acompanhada de perto pela Casa Branca. Como o sr. avalia a política do presidente dos EUA, Barack Obama, em relação a Cuba?

Obama é apenas mais do mesmo. Tem uma linguagem mais comedida, um estilo mais calmo, mas sua política externa, no fundo, é a mesma que existia antes. No entanto, a América Latina já tomou o caminho irreversível da luta por sua independência efetiva. Há muitos desafios ainda, mas a região está no caminho certo. Estamos vivendo uma época de mudanças que não pode mais ser sabotada.

O Brasil terá eleições este ano. Como o sr. avalia a possibilidade de mudança de governo em Brasília?

Seria muito bom que o Brasil tivesse sua primeira mulher presidente. Isto garantiria a continuidade da obra começada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que colocou o Brasil em um lugar de destaque no cenário internacional.