Título: Profissionais querem agenda contra a desigualdade
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2010, Vida, p. A20

Importantes forças políticas, as entidades médicas levantaram em 2009 a bandeira de um piso nacional de R$ 8 mil para a categoria, o que foi mal visto por alguns - o piso nacional do professor, na época, era de R$ 950. Mas os médicos ainda não têm um piso. E estão a léguas de profissionais do Judiciário e do Ministério Público, que podem começar no interior e chegar bem remunerado à capital.

A falta de uma carreira de Estado para a categoria leva o País a mais desigualdade, apontou estudo do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo: 148 cidades paulistas não têm um médico sequer.

No manifesto, a categoria resgata outros temas-chave da agenda antidesigualdade do Sistema Único de Saúde, como a regulamentação da Emenda 29, que há dez anos definiu quanto União, Estados e municípios devem gastar com saúde. Não estabeleceu, porém, o que é gasto com saúde, permitindo que gestores embutam até vacinação do gado na prestação de contas.

A ideia de redirecionar os cursos de Medicina às necessidades do SUS também atende à carência de clínicos-gerais e pediatras. O problema é retirá-la do papel, pois há resistência de universidades e sociedades médicas. Os profissionais engrossaram por fim as reclamações contra o setor privado, que nos últimos anos tem sido regulado pelos tribunais. Dados do IBGE dão lastro à preocupação: 600 mil usuários de planos privados tiveram dificuldade de atendimento em 2008, mesmo pagando mais pela saúde.