Título: Mercado reduz previsão para taxa de juros do fim do ano
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2010, Economia, p. B3

Bancos e consultorias ouvidos pela pesquisa Focus, do BC, reduziram a projeção da Selic de 11,75% para 11,50%

Depois da ata do Comitê de Política Monetária divulgada na última quinta-feira, o mercado financeiro reduziu as apostas para a elevação dos juros básicos neste ano. De acordo com a pesquisa semanal Focus, divulgada pelo Banco Central, as instituições financeiras e consultorias em média reduziram a projeção para a taxa Selic ao fim de 2010 de 11,75% para 11,50% ao ano.

Atualmente, o juro básico definido pelo BC está em 10,75%. Os analistas agora esperam mais uma elevação de 0,50 ponto porcentual em setembro, passando dos atuais 10,75% para 11,25%, e uma elevação menor, de 0,25 ponto porcentual, em outubro, para 11,50%, ficando assim até o fim do ano. Antes da divulgação da última ata do Copom, que justificou a redução do ritmo de elevação da Selic, o mercado trabalhava com uma alta de 0,75 ponto porcentual no próximo mês e mais um aumento residual de 0,25 ponto porcentual no período seguinte, com a Selic fechando o ano em 11,75%. Para 2011, o mercado prevê a Selic encerrando o ano em 11,75%.

De acordo com a pesquisa, o ciclo de alta dos juros deve voltar em fevereiro do ano que vem, com uma elevação de 0,25 ponto porcentual, seguida de mais uma elevação na mesma magnitude em abril de 2011. Pelo mercado, a Selic recuaria de 12% para 11,75% só em setembro de 2011.

Para as cinco instituições que mais acertam projeções de médio prazo, os Top 5, o cenário é outro. Para 2010, a expectativa é de que a Selic encerre em 11,25% ao ano, ante 11,50% na semana anterior. Para 2011, no entanto, esse grupo espera uma política monetária mais dura e segue prevendo que a taxa básica de juros fechará o próximo ano em 13%.

Para Evaldo Alves, professor de economia da Fundação Getúlio Vargas, o cenário do mercado é o mais provável. Mas ele considera que não haveria necessidade de subir mais os juros. Alves avaliou que o BC no início do ano fez um diagnóstico mais pessimista no primeiro semestre, entendendo que um surto temporário de inflação iria se prolongar, o que não ocorreu. "Foi um erro de avaliação feito pelo BC que agora foi corrigido", disse o professor. Mesmo assim, ele acredita que o BC ainda deve subir os juros este ano.

Inflação. A pesquisa Focus também mostrou uma redução na expectativa do mercado para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2010, que recuou de 5,35% para 5,27%. Para 2011, a inflação oficial esperada é de 4,80%.

Mudança mais significativa ocorreu na previsão para o ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) este ano, que caiu pela quarta semana seguida e agora está em US$ 32 bilhões. Na semana anterior, o mercado previa IED de US$ 33,65 bilhões. Para Alves, a concorrência de países que hoje crescem mais que o Brasil, como a China e a Índia, prejudica o fluxo de IED ao País, embora no médio prazo a perspectiva seja favorável para a economia brasileira.

PRESTE ATENÇÃO...

1. Selic em 2010. As instituições financeiras e consultorias em média reduziram sua projeção para a taxa básica de juros Selic no fim de 2010 de 11,75% para 11,50% ao ano. Para o próximo ano, as instituições financeiras e consultorias preveem que a taxa Selic encerrará o ano em 11,75%.

2. Top 5. Para as cinco instituições financeiras que mais acertam projeções de médio prazo, as chamadas Top 5, a expectativa para 2010 é de que a Selic encerre o ano em 11,25%. Na semana anterior, a previsão era de 11,50%.

3. Avaliação. O professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas Evaldo Alves acha que o cenário do mercado em geral é mais provável de ocorrer do que o cenário traçado pelo grupo dos Top 5.

4. Inflação em 2010. Houve uma redução na expectativa do mercado para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2010, que agora recuou de 5,35% para 5,27%.

5.Inflação em 2011. Para o próximo ano, as instituições financeiras e os analistas mantêm a previsão de inflação medida pelo IPCA de 4,80%.

6. IED. A previsão do mercado para o ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) este ano caiu pela quarta semana seguida e agora está em US$ 32 bilhões.