Título: Andrade será sócia de Belo Monte
Autor: Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2010, Economia, p. B1

Construtora derrotada no leilão da hidrelétrica de Belo Monte vai entrar no negócio após assinatura do contrato pelo consórcio vencedor

Derrotada no leilão da usina de Belo Monte (PA), em abril, a construtora Andrade Gutierrez vai entrar no negócio como sócia logo depois que os atuais cotistas assinarem o contrato de concessão com o governo. A assinatura está prevista para 26 de agosto. Na última semana de setembro, deve ser concedida a licença prévia do canteiro da obra.

O Estado apurou com três fontes - duas do governo e uma do mercado - que as negociações também incluem fazer da Andrade Gutierrez uma das empresas que vão liderar o processo de construção da usina que terá capacidade máxima de gerar 11.200 MW. Também haverá novos sócios autoprodutores (leia mais na página 3).

A Andrade Gutierrez vem argumentando que, mesmo que os sócios do projeto decidam contratar um pool de empreiteiras, é importante haver uma grande empresa liderando a construção. Além dela e das construtoras que já integravam a Sociedade de Propósito Específico (SPE), a Odebrecht e a Camargo Corrêa estão na disputa pelo contrato da obra, avaliado pelo governo em cerca de R$ 19 bilhões.

A Andrade disputou o leilão de Belo Monte com participação de 12,75% no consórcio Belo Monte Energia, que tinha ainda como sócios Vale, Neoenergia, Companhia Brasileira de Alumínio, Furnas e Eletrosul. O grupo foi derrotado pelo consórcio Norte Energia, liderado pela estatal Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), e alegou que o preço vencedor, R$ 77,97/MWh, era baixo.

Por ter perdido o leilão, a Andrade Gutierrez terá de adquirir participação societária nas 18 empresas que hoje formam a sociedade (SPE) - o que só pode ocorrer depois da assinatura do contrato de concessão. Segundo uma fonte que acompanha as negociações, há duas possibilidades: a Andrade poderia comprar participação de alguma das companhias que detêm fatias menores na sociedade ou adquirir parte das cotas do grupo Eletrobrás. Somando as participações da Chesf, da Eletronorte e da holding Eletrobrás, o grupo estatal possui 49,98% do projeto.

Os demais atuais sócios do projeto dividem-se da seguinte maneira: Petros (10%), Bolzano Participações (fundo formado Previ e Iberdrola, com 10%), Funcef (2,5%), Caixa FI Cevix (parceria da Funcef com Engevix, tem 5%) J. Malucelli Energia (0,25%), Gaia (9%), Sinobrás (1%), Queiroz Galvão (2,51%), OAS (2,51%), Contern Construções (1,25%), Cetenco Engenharia (1,25%), Galvão Engenharia (1,25%), J. Malucelli Construtora (1%) , Mendes Júnior (1,25%) e Serveng (1,25%).

A OAS entrou na SPE depois do leilão, junto com os fundos de pensão. Ao se tornar sócia, com 2,51%, virou candidata natural a conseguir um pedaço do contrato da obra. A tendência, segundo as duas fontes do governo, é que ela também tenha papel relevante na construção de Belo Monte. / COLABORARAM TÂNIA MONTEIRO, VERA ROSA e RUI NOGUEIRA