Título: Vale cria sistema para reaproveitar minério de ferro
Autor: Ciarelli, Mônica
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2010, Economia, p. B12

Usando o material que antes era desperdiçado na mineração, empresa vai elevar produção anual em 2 milhões de toneladas

O Estado de S.Paulo

RIO Em época de preços elevados e demanda aquecida, a Vale encontrou uma solução para aproveitar o minério de ferro que antes era desperdiçado ao longo do processo de mineração. Com uma nova tecnologia, a empresa conseguirá elevar a produção anual em 2 milhões de toneladas apenas com o reaproveitamento do insumo depositado na barragem de Geladinho, em Carajás, no Pará.

Para colocar em operação o novo sistema, que funciona na prática como uma segunda lavra do minério, a Vale gastou R$ 6,5 milhões em Geladinho. A barragem, construída pela empresa para conter a expansão de resíduos gerados durante o processo de produção do minério, tem atualmente reservas de 15 milhões de toneladas de minério de ferro de alta qualidade.

"Tem teor de 65,7% de ferro. É um padrão comercial", ressalta o engenheiro de processos da Vale, José Ancelmo Campos. O teor do minério top de Carajás é de 67% de ferro.

Atualmente, a companhia produz cerca de 300 milhões de toneladas por ano, mas tem planos de ampliar a capacidade para 450 milhões de toneladas até 2014. Segundo Campos, o novo modelo vai contribuir para a meta, aumentando a produtividade.

O engenheiro destaca ainda que a tecnologia desenvolvida vai permitir aumentar em oito anos a vida útil da barragem de Geladinho, que já atingiu seu ponto de saturação. A intenção é levar esse modelo para todas as barragens. A da Mina de Manganês do Azul, também no Pará, já conseguiu recuperar 300 mil toneladas do insumo e tem reservas de 4,5 milhões de toneladas.

Olhares. Mas os olhares do grupo estão voltados principalmente para a barragem de Gelado, que também fica localizada na região de Carajás, no Pará. As reservas já mapeadas dão conta de que a barragem tem acumulados mais de 40 milhões de toneladas de minério de ferro.

Campos aponta como outra vantagem o fato de o minério recuperado na barragem ter um custo de produção 40% menor do que o normal. "O processo é mais simples. O minério já está com qualidade definida e não precisa passar por uma purificação, que necessita de equipamentos de custo operacional mais elevado", explicou. "A importância do projeto é que estamos desassoreando o reservatório e aumentando a capacidade de vida útil da barragem. Estamos recuperando um minério para comercialização, um minério que estava lá sem destinação."

Além da região do Pará, que vai recuperar o minério preso nas barragens de rejeitos, a Vale desenvolveu uma tecnologia para aproveitar o insumo depositado em pilhas de estéril geradas durante a escavação da mina.

A empresa também tem planos de construir uma instalação de Tratamento de Minério para atender o projeto Conceição-Itabiritos, em Itabira. A unidade, orçada em US$ 1,2 bilhão, terá capacidade para 12 milhões de toneladas por ano.

O engenheiro de processos da Vale destaca que as duas tecnologias vão facilitar também a obtenção de licenças pela companhia por mostrar o interesse da empresa com impactos ambientais de suas atividades. "Isso demonstra o cuidado que a empresa está tendo com as questões ambientais", afirma.