Título: Consumidores continuam otimistas, diz pesquisa CNI
Autor: Gonçalves, Glauber ; Saraiva, Alessandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2010, Economia, p. B4

Apesar do desaquecimento da economia no segundo trimestre deste ano, a população brasileira mantém os planos de continuar indo às compras. Em julho, o índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Ine) medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) cresceu pelo terceiro mês consecutivo e chegou a 116,8 pontos.

Em comparação a junho, o indicador que avalia o sentimento do consumidor em relação aos fatores que influenciam sua disposição para adquirir novos bens e serviços aumentou 1,8%. Segundo a entidade, a pontuação alcançada em julho foi a segunda maior da série história do Inec, atrás apenas da obtida em dezembro do ano passado, quando o índice chegou a 117,2 pontos.

Embora a indústria tenha diminuído o ritmo de expansão da produção nos últimos meses, os consumidores costumam enxergar o cenário econômico de modo diferente do empresariado, avaliou o economista da CNI, Marcelo Azevedo.

De fato, o crescimento do Inec em julho na comparação com o mês anterior foi causado pela expansão de quase todas as variáveis que compõem o indicador. Os consumidores entrevistados se mostraram mais otimistas em relação a inflação, cuja pontuação evoluiu 1,3%, além de estarem mais satisfeitos com a sua situação financeira, com melhora de 0,8%.

Renda e emprego, da mesma forma, as expectativas em relação à renda pessoal aumentaram 2,9% no mês, assim como a perceptiva sobre o emprego, que cresceu 4,4%. O desaquecimento da indústria e da economia como um todo não afetou a renda e o emprego das famílias.

Esse ambiente somado ao sentimento de que a inflação está sob controle levou o Inec a um patamar próximo do recorde já registrado, e deve continuar melhorando até o fim do ano, afirmou Azevedo. Segundo o documento da NI, todas as variáveis estão acima das suas respectivas médias históricas, mensuradas desde dezembro de 2007. Ainda assim, o indicador de julho trouxe pelo segundo mês seguido uma queda na propensão à compra de bens de maior valor, com queda de 0.5%.

O que entendemos é que houve uma antecipação do consumo destes bens, como automóveis e eletrodomésticos, no primeiro trimestre do ano, quando os incentivos tributários ainda estavam em vigor, acrescenta o economista.