Título: Economia dos EUA corta 131 mil empregos
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2010, Economia, p. B9

Mais demissões dos contratados para o censo e menos admissões no setor privado em julho acentuam fragilidade do mercado de trabalho americano

Em mais um sinal do ritmo lento de recuperação econômica, os Estados Unidos cortaram empregos pelo segundo mês seguido em julho, com mais demissões de funcionários contratados para o censo e um aumento menor que o previsto da contratação no setor privado. Foram fechados 131 mil postos de trabalho no mes passado, informou ontem o Departamento de Trabalho.

A taxa média de desemprego ficou em 9,5% em julho - o mesmo porcentual de junho, que atinge 14,6 milhões de trabalhadores americanos.

Na semana passada, os EUA já haviam se defrontado com o crescimento de apenas 3% no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre. O porcentual foi considerado baixo demais para sustentar uma retomada mais vigorosa do consumo interno e a queda do desemprego.

Trata-se de um quadro que preocupa sensivelmente o governo do presidente dos EUA, Barack Obama, que se prepara para as eleições legislativas de novembro deste ano.

O Departamento de Trabalho insistiu ontem que o setor privado americano conseguiu gerar 630 mil postos de trabalho desde janeiro, quando a taxa de desemprego estava em 9,7%. Também acentuou como positiva a criação de 71 mil vagas em julho.

Entretanto, os dados mostraram que, além dos 14,6 milhões de desempregados no país, 3,6 milhões mostraram-se sem ânimo para procurar trabalho.

Setores críticos. Os dados de julho apontaram que a crise ainda se faz presente com força nos setores financeiro, de serviços e de construção civil que, somados, fecharam 41 mil postos de trabalho em julho. Segundo o economista Gary Burtless, do Brookings Institute, cerca de 25% da mão de obra da construção civil está atualmente desempregada.

Além de ter sido afetado diretamente pela crise do subprime, em 2008, o setor vivenciou exagerada expansão entre meados da década de 90 e 2006. O resultado é um estoque de imóveis bem acima da demanda atual do mercado. "A tendência é de recuperação mais rápida da indústria manufatureira, que responde mais facilmente à retomada do consumo, que da construção civil", afirmou Burtless.

Grupos críticos. Os dados do Departamento de Trabalho mostraram ainda que o desemprego atacou mais gravemente alguns dos principais grupos de trabalhadores do país em julho.

Enquanto a taxa manteve-se abaixo da média para trabalhadores brancos (8,6%) e asiáticos (8,7%), os porcentuais foram e mais elevados para negros e latino-americanos, com 8,6% e 8,7%, respectivamente.

Por faixa etária, os adolescentes foram os mais atingidos, com 26,1%.

Christina Romer, antes de anunciar sua renúncia ao cargo de presidente do Conselho de Economistas da Casa Branca (mais detalhes abaixo), destacou o fato positivo de, em julho, o emprego na indústria manufatureira ter crescido pelo sétimo mês consecutivo. Foram criadas 36 mil vagas no setor no mês - quase a metade dos 71 mil postos criados no setor privado.