Título: Mineração prevê alta de 14,81% no investimento
Autor: Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2010, Economia, p. B4

O forte reaquecimento da demanda mundial por matéria-prima levou o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) a rever pela terceira vez este ano a previsão de investimentos para o setor até 2014. a nov cifra, de US$ 62 bilhões, é recorde na atividade mineradora brasileira e representa um aumento de 14,81% ante a estimativa anterior feita em abril, de US$ 54 bilhões. Em palestra na Câmara Britânica, o presidente do Ibram, Paulo amil Penna, disse que o valor superior reflete a entrada de investimentos, como o projeto de construção de uma pelotizadora e um mineroduto pela Samarco e de uma mina de ouro pela Kinrosse em Minas Gerais. Ao todo, são 60 projetos já contabilizados pelo Ibram até 2014. Os de minério de ferro, carro-chefe da produção mineral brasileira, devem representar a maior fatia, com estimativa de US$ 39,2 bilhões. O níquel está em segundo lugar, com investimentos de US$ 6,7 bilhões, seguido pela bauxita (US$ 5 bilhões) e cobre (US$ 1,7 bilhão). O carro-chefe é o minério de ferro e temos preços e produção subindo. Mas, o geral; outros minerais estão com tendência de alta nos preços, frisou. Penna lembra que a perspectiva de crescimento da economia mundial, especialmente dos países emergentes, vem incentivando as companhias a aumentarem seus investimentos para ampliar seu potencial de produção. Recorde na produção. Ainda segundo o Ibram, espera-se para este ano um valor recorde para a produção mineral brasileira, que deve chegar a US$ 35 bilhões. A cifra é 45,83% superior à de 2009, que somou U$ 24 bilhões. De acordo com Penna, o resultado se deve à combinação de dois fatores: preços mais elevados e maiores volumes de vendas. Em 2010, as grandes mineradoras conseguiram colocar em prática um reajuste superior a 100% no preço de minério de ferro, carro-chefe da produção nacional. Além disso, a demanda consistente por matérias-primas da China e a recuperação de mercados, como o europeu, vem contribuindo para ampliar o volume comercializado pelo País. O presidente do Ibram destacou a importância do setor para a balança comercial brasileira. Se em 2009; apesar da crise, o setor representou 50% do saldo da balança comercial, a participação este ano será mais expressiva. O saldo entre importações e exportações no setor deve chegar a US$ 18,5 bilhões, valor que representaria 120% do previsto de superávit para toda a balança comercial brasileira este ano, que é de US$ 16 bilhões. Descompasso. Segundo Penna, a contribuição do setor seria maior se o País tivesse uma política de incentivo ao setor de fertilizantes, que trabalha com uma estrutura tributária elevada. Enquanto para o minério de ferro, que possui o maior peso na balança do setor, é esperado um superávit de US$ 20 bilhões, o setor de fertilizantes teriam um déficit em torno de US$ 3 bilhões.