Título: BB e Bradesco vão à África com BES
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2010, Economia2, p. B13

Parceria de instituições brasileiras com o banco português atende a um pedido de internacionalização feito pelo presidente Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos primeiros a saber que Banco do Brasil (BB), Bradesco e o português Banco Espírito Santo (BES) acertaram uma parceria para atuar na África. Ele recebeu a notícia dos executivos das três instituições ontem de manhã, no 3.º andar da sede do BB em São Paulo, na Avenida Paulista, onde despachava. "Ele abriu um sorriso de orelha a orelha", relatou o presidente do BB, Aldemir Bendine.

A associação dos três bancos atende a um pedido do próprio Lula. Um ano atrás, o presidente defendeu, em reunião do conselho do BB, a internacionalização do banco. Uma das regiões destacadas por ele foi a África. O BES, que é acionista do Bradesco e tem o Bradesco como acionista, procurou o BB no início do ano para propor o negócio.

O negócio, cuja divulgação teve a presença do ministro da Fazenda, Guido Mantega, é o embrião para a atuação conjunta das instituições no continente. Os próprios executivos não souberam dar detalhes sobre o funcionamento prático da associação, como sua composição acionária, o investimento previsto, as receitas potenciais, etc. Segundo eles, tudo isso será definido nos próximos 60 a 90 dias.

O que se sabe, segundo eles, é que a África tem grande potencial, o BES está no continente há 100 anos (portanto, tem experiência de sobra) e a presença será concentrada em cinco nações: Angola, Cabo Verde, Marrocos, Moçambique e África do Sul, com possibilidade de ser ampliada para Líbia e Argélia.

"É uma oportunidade única", justificou o presidente executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. "Vamos procurar ocupar um espaço que outros países gostariam de ocupar." Ele explicou que o foco do banco continua sendo o Brasil. Diferentemente do BB e do Itaú Unibanco, o Bradesco rechaçou nos últimos tempos a ideia de investir pesadamente no exterior.

Mantega destacou o potencial do continente africano, sobretudo no que se refere à produção de matérias primas. "Estamos aproveitando as oportunidades que se apresentam, ocupando um espaço deixando pelos países desenvolvidos."

Na plateia, estavam executivos de empresas que já operam na África, como Camargo Corrêa, Odebrecht, Marfrig e CSN (representada pelo seu presidente, Benjamim Steinbruch).