Título: Coutinho rebate críticas a créditos do BNDES
Autor: Rodrigues, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/08/2010, Economia, p. B9

Presidente do banco aproveita divulgação de empréstimos de R$ 72,6 bilhões este ano para dizer que houve aumento no financiamento a pequenas empresas

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, aproveitou ontem a divulgação do balanço de R$ 72,6 bilhões emprestados pelo banco até julho para rebater as críticas de que a instituição está concentrando financiamentos em grandes empresas à custa do impacto fiscal dos empréstimos recentes de R$ 180 milhões do Tesouro Nacional.

Segundo Coutinho, as dez maiores empresas do País, como Petrobrás e Vale, ficaram com 28,7% dos R$ 261,4 bilhões liberados pelo banco entre janeiro de 2008 e junho deste ano, o equivalente a R$ 82,08 bilhões. No mesmo período, a fatia para pequenas e médias empresas foi de R$ 67,2 bilhões, 23,5% do total.

Tirando da conta o empréstimo especial de R$ 25 bilhões à Petrobrás, cujos desembolsos terminaram em junho do ano passado, a participação das dez maiores empresas cai para 21,8% e a das pequenas sobe para 25,7%. "Não está havendo concentração. Ao contrário, há desconcentração", disse Coutinho, argumentando que as dez maiores empresas responderam por 63% do investimento da indústria brasileira entre 2008 e 2009.

"O BNDES tem sido um instrumento de acesso da pequena empresa aos mecanismos de financiamento de médio e longo prazos." Coutinho apresentou um quadro em que mostra redução da participação das dez maiores empresas no desembolso do BNDES em relação aos cerca de 30% entre 2001 e 2006.

Coutinho voltou a defender os juros subsidiados do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) para máquinas e equipamentos e os empréstimos do Tesouro ao BNDES, que têm gerado críticas pelo fato de o banco repassar, com base na Taxa de Juros de Longo Prazo (6%), recursos captados pela Selic (10,75%). Ele diz que há mais benefícios do que ônus, mas reconheceu anomalias.

"Há um problema no financiamento de longo prazo no Brasil. O País não tem um sistema de financiamento de longo prazo e a esmagadora responsabilidade recai sobre o BNDES." Coutinho afirmou que ainda falta definir com o Ministério da Fazenda as hipóteses de comportamento futuro da Selic e da TJLP para apresentar cálculos comparando o custo fiscal dos subsídios aos benefícios gerados pelos projetos.

Segundo dados do BNDES, os empréstimos com juros subsidiados do PSI foram utilizados, em sua maioria, por empresas de pequeno porte, fazendo a participação delas no total de desembolsos subir de 17,5% no ano passado para 36,17% no primeiro semestre de 2010. A participação das dez maiores empresas no desembolso total só alcançou 37% em 2009 por causa da Petrobrás.

Pedaços do bolo

28,7% foi a fatia das grandes empresas nos empréstimos de janeiro de 2008 a junho deste ano

23,5% foi a fatia das pequenas e médias